Comentários Lição 12 - O melhor presente do Céu (Zacarias) - Prof. César Pagani

15 a 22 de Junho de 2013

Verso para Memorizar

“O Senhor, seu Deus, naquele dia, os salvará, como ao rebanho do Seu povo; porque são pedras de uma coroa e resplandecem na terra dEle (Zc 9:16).

            Os apelos ardentes e inspirados de Ageu foram reeditados por meio de Zacarias. Deus intensificava as mensagens de incentivo usando uma dupla de profetas. A mensagem inicial de Zacarias foi transmitir a garantia divina de a Palavra de Deus é infalível. Todos seriam abençoados se confiassem no que Deus disse mediante Seus servos. 
Com os campos devastados, as escassas reservas de provisões rapidamente se esgotando, e rodeados como estavam por povos inamistosos, os israelitas prosseguiam ainda assim com fé, em resposta ao chamado dos mensageiros de Deus, e trabalhavam diligentemente para restaurar o templo arruinado. Era uma obra que requeria firme confiança em Deus. Enquanto o povo procurava fazer sua parte, buscando uma renovação da graça de Deus no coração e na vida, mensagem após mensagem era dada por intermédio de Ageu e Zacarias, com a certeza de que sua fé seria ricamente recompensada, e que a Palavra de Deus concernente à futura glória do templo cujas paredes eles estavam reparando, não falharia. Nesse mesmo edifício apareceria, na plenitude do tempo, o Desejado de todas as nações como o Mestre e Salvador da humanidade.  
“Assim os construtores não foram deixados a lutar sozinhos; estavam ‘com eles os profetas de Deus, que os ajudavam’ (Ed 5:2); e o Senhor dos Exércitos havia declarado: ‘Esforçai-vos... e trabalhai; porque Eu sou convosco.’ Ag 2:4.” PR, 577. 
    
DOMINGO
 “O manto de um judeu”
            Assim como o arraso de Jerusalém foi completo sob a ira de Deus, sua restauração também seria abrangente, completa. Deus faz uma confissão animadora ao povo: “Tenho ciúmes, grandes ciúmes de Sião.”  Vê-se que, a despeito das manifestações de justa indignação por causa da incredulidade e apostasia do povo que foi para o cativeiro, o amor de Deus por Israel era inalterável. O templo, morada terrena de Deus, estava sendo edificado e o Senhor mostrava-Se desejoso em voltar e habitá-lo. Ele almejava estar novamente com Seus escolhidos. Por seus contínuos pecados eles “expulsaram” o Senhor e O condenaram ao exílio espiritual. Porém, mesmo em cativeiro, Ele nunca os deixou.
            Jerusalém ainda apresentava um estado ruinoso nos tempos de Zacarias. É óbvio que, embora os judeus estivessem cuidando da construção e decoração de suas casas, grande parte da cidade ainda estava em ruínas. Praças, logradouros e prédios públicos, alamedas, ruas e tudo quanto constitui infraestrutura de uma cidade, estavam ainda por edificar. A cidade não estava ainda toda ocupada. Mas o Senhor garante que nas praças da cidade estariam velhos apoiados em suas bengalas desfrutando paz e tranquilidade, juntamente com crianças vivazes brincando.
            O plano divino de fazer dos descendentes de Abraão uma bênção para todas as famílias da Terra não caducara. Contudo, EGW diz que as promessas assinaladas no capítulo 8 de Zacarias estavam condicionadas à obediência. Diz mais: “Os pecados que haviam caracterizado os israelitas anteriormente ao cativeiro. Não deveriam ser repetidos.” PR, 704. O Senhor exigia deles escorreição moral ou vida santificada. As viúvas, os órfãos, os desamparados sociais, os estrangeiros, deveriam ser tratados com todo o zelo. Deus exorta o povo a deixar a mentira e a intolerância de uns para com os outros e falar a verdade. O amor ao próximo deveria ser uma realidade cotidiana. Uma nova sociedade deveria surgir a partir do retorno do exílio.
            Deus pretendia levar o povo a tal estado de santidade que, no futuro, Jerusalém se tornaria a meca da adoração ao Deus do Céu. Os judeus seriam os guias espirituais do mundo.
            A imagem de gentios se curvando e humildemente apegando-se à orla da veste de um judeus, revela um gesto de reconhecimento da superior espiritualidade de alguém que conhecia verdadeiramente a Deus. Os gentios buscariam ansiosamente partilhar dos privilégios religiosos de um judeu. A propósito, Deus determinara que os judeus usassem franjas na barra de suas vestes, ornadas por um cordão azul (Nm 15:38). Elas eram símbolos da obediência aos mandamentos de Deus e mostra de distinção dentre os povos da Terra. Desse modo, os gentios seriam ganhos para a verdadeira fé.      
       
SEGUNDA
            A profecia de Zacarias 9:9 foi feita 500 anos antes de seu cumprimento. Quando Cristo, que sempre foi contrário a manifestações públicas ruidosas e ostensivas, mandou os discípulos procurarem um jumentinho novo, dando-lhes todos os detalhes onde encontrar o bichinho, estava procurando despertar a atenção do povo para Sua identidade como o Messias-Rei justo, Salvador e humilde. A entrada foi momentosa, porém, sem o aparato que sempre caracterizava a chegada de um rei em Jerusalém. Havia solenidade, mas não pompa; homenagens, mas não orgulho do louvor humano.
            Essa profecia messiânica é muito clara em seus termos. O Rei divino encarnado anunciaria paz às nações (Zc 9:10) e não guerra e domínio como esperavam os judeus da época. Ele dominaria, sim, de mar a mar e desde o Rio (Eufrates) às extremidades da Terra (verso 10). Esse reinado ocorreria pelo Evangelho chegando a todas as partes do mundo. Jesus seria pregado como Rei e Salvador e o reino da graça alcançaria todos os rincões do mundo. Parece evidente que o domínio físico se cumprirá tão somente quando Cristo retornar à Terra pela terceira vez e implantar aqui o reino eterno. Então, Ele reinará por todo o sempre.
                Nosso Senhor foi a Jerusalém e a adentrou triunfalmente dando a última oportunidade graciosa de os judeus O identificarem como o Prometido tão anunciado nos escritos proféticos. Ele desejava que o povo visse a veracidade da profecia e O identificasse como o Sofredor de Isaías 53. Daí a poucos dias o Messias seria erguido numa cruz, sofrendo desprezo e escárnio da multidão. Sofreria a mais cruel das mortes, em meio a sofrimento indescritível, para levar em Seu corpo as culpas de todos os homens. Por Sua morte Jesus fez com que a humanidade tivesse paz com Deus.
“Nunca dantes, em Sua vida terrestre, permitira Jesus essa demonstração. Previa claramente o resultado. Levá-Lo-ia à cruz. Era, porém, Seu desígnio apresentar-Se assim publicamente como Redentor. Desejava chamar a atenção para o sacrifício que Lhe devia coroar a missão para com o mundo caído. Enquanto o povo estava reunido em Jerusalém para a celebração da páscoa, Ele, o Cordeiro de Deus, representado pelos sacrifícios simbólicos, voluntariamente Se pôs de parte como oblação. Seria necessário que Sua igreja, em todos os sucessivos séculos, fizesse de Sua morte pelos pecados do mundo assunto de profunda reflexão e estudo. Todos os fatos com ela relacionados deviam verificar-se de maneira a ficarem acima de qualquer dúvida. Era preciso, pois, que os olhos de todo o povo fossem então dirigidos para Ele; os acontecimentos que precederam Seu grande sacrifício deviam ser de molde a chamar a atenção para o próprio sacrifício. Depois de uma demonstração como a que acompanhou Sua entrada em Jerusalém, todos os olhos Lhe seguiram a rápida marcha para a cena final.” DTN, 571. 

TERÇA

            Desde os primeiros acenos proféticos sobre as características do Salvador vindouro, a Palavra de Deus afirma que o Redentor/Messias seria um sofredor inocente pelos pecados alheios. Nunca, em qualquer lugar das Escrituras, se diz que o Messias seria rei temporal, conquistador inexorável de reinos e nações e comandante dos judeus no domínio do mundo. Em Gn 3:15. Ele seria ferido pela serpente. O Siló (o Enviado) profetizado nas bênçãos de Jacó a seus filhos (Gn 49) deixava evidente que Deus enviaria Alguém dos céus para liderar o povo escolhido. O cordeiro preso entre as ramagens quando do presuntivo sacrifício de Isaque representava a oferta que Deus mesmo faria para resgate dos homens. Durante toda a história de Israel, desde o Êxodo, o cordeiro sacrifical figurava o Salvador.
            Isaías 53 apresenta uma imagem inequívoca quanto ao caráter e destino do Messias: “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos.” (Is 53:5, 6)
            Porém, João diz que quando Jesus veio para o que era Seu, os Seus não O receberam. Não se cumpriu, porventura, a profecia de Zacarias? Em absoluto! Quando o Espírito Santo foi derramado sobre o grupo escolhido (apóstolos e seguidores de Cristo), os homens foram levados a olhar Àquele a quem transpassaram e, constrangidos, perguntaram: “Que faremos, varões irmãos?” Até mesmo muitos da casta dos sacerdotes findaram por obedecer à fé (At 6:17) “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.”
            Sempre que qualquer indivíduo tiver sua atenção chamada para Cristo e Esse crucificado, e em sinceridade de coração entender o sacrifício feito, chorará em arrependimento e, contrito, pedirá perdão e espírito de graça e súplicas. É preciso um coração granítico para não se comover ante tamanha prova de amor de Deus em dar a Cristo para morrer pelos pecadores.

QUARTA
O bom pastor
            O Bom Pastor não teria vida fácil, segundo profetizou Zacarias. A espada da perseguição e do martírio se ergueria contra Ele. O pior que essa espada fora desembainhada dentro os arraiais do povo de Deus. Lembremo-nos de que quando Jesus foi traído por Judas e cercado pela multidão que acompanhara os soldados do sumo sacerdote (Mt 26:47, 55) vieram com armamentos e espadas para prendê-Lo.
            Desde o início de Seu ministério o Salvador foi perseguido pelos judeus, povo a quem viera salvar. Não houve um momento de trégua. Porém, o acirramento e o clímax do ódio contra o Redentor se verificou após Ele tomar o cálice amaríssimo do sofrimento final, lá no Getsêmani. Nessa ocasião, todos os discípulos fugiram e deixaram o Salvador nas mãos dos Seus maltratadores.
            Há que se ressaltar, contudo, que a espada voltada contra o Bom Pastor não veio só dos homens. Como substituto do homem, Jesus arrostou as penalidades da Lei. A justiça punitiva de Deus caiu sobre o Inocente porque Ele assumiu todas as culpas dos transgressores.  “Com respeito aos sofrimentos do Salvador, Jeová mesmo declarou por intermédio de Zacarias: ‘Ó espada, ergue-te contra o Meu Pastor e contra o varão é o Meu companheiro.’ Zc 13:7. Como substituto e garantia pelo pecado do homem, Cristo sofreria sob a justiça divina. Ele compreenderia o que justiça significa; saberia o que significa para o pecador estar sem intercessor na presença de Deus.” PR, 691.  
Jesus não estava sendo retórico quando afirmou que o Bom Pastor dá a vida por Suas ovelhas. Ele é mais que um pastor. “Por mais que um pastor ame as suas ovelhas, ama ainda mais a seus próprios filhos e filhas. Jesus não é somente o nosso Pastor; é nosso ‘eterno Pai’. E Ele diz: ‘Conheço as Minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido. Assim como o Pai Me conhece a Mim, também Eu conheço o Pai.’ Jo 10:14 e 15. Que declaração esta! É Ele o Filho unigênito, aquele que Se acha no seio do Pai, Aquele que Deus declarou ser ‘o Varão que é o Meu companheiro’ (Zc 13:7), e apresenta a união entre Ele e o eterno Deus como figura da que existe entre Ele e Seus filhos na Terra!” DTN,  483. “Deus ama os seguidores de Cristo tal qual ama Seu Filho unigênito.” Manuscrito 67, 1894. 
Inda que abandonado por todos os discípulos, Jesus não os deixou de amar. Ele sabia, de antemão, que a fuga de Seus seguidores ocorreria. Mas isso não quer dizer que Sua alma não ficou mais oprimida com a atitude daqueles com quem convivera intimamente por três anos e meio. Porém, tão logo ressuscitou, foi em busca deles com todo amor e solicitude. Esse é nosso Boníssimo Pastor!

Rei de toda aterra  
            Esclarece o SDABC: “O capítulo 14 é uma descrição de eventos em ligação com a segunda vinda do Messias, em termos de como esse espetacular acontecimento aconteceria, se os israelitas que retornaram do cativeiro houvessem cumprido seu destino. Visto que eles      repetidamente se desviaram de seus altos privilégios e, no final de tudo, rejeitaram o Messias (At 3:13-15), Deus se desviou deles. Ele agora realizaria Seus propósitos através da igreja cristã... Muito cuidado precisa ser exercido quando se aplica as profecias de Zacarias 14 aos nossos dias. Os princípios descritos às páginas 25 a 28 [do SDABC, vol. 4) precisam ser rigorosamente observados na interpretação de Zacarias 14, ou conclusões injustificáveis podem ser extraídas.” (p. 1116)
            O verso dois desse capítulo, por exemplo, fala do caos instalado em Jerusalém quando as nações pelejassem contra a cidade santa. Segundo Clarke, isso ocorreu quando da destruição de Jerusalém no ano 70 a.D.
            Nessa ocasião, contudo, o Senhor não saiu e pelejou contra aquelas nações, mas entregou Jerusalém ao assalto romano. O verso três fala que os pés do Senhor estarão sobre o Monte das Oliveiras e esse monte será fendido em dois dando lugar a “um vale muito grande”.
            Ellen White aplica o cumprimento do fendimento do Monte das Oliveiras à terceira vinda de Cristo (Ver GC, 663). “Cristo desce sobre o Monte das Oliveiras, donde, depois de Sua ressurreição, ascendeu, e onde anjos repetiram a promessa de Sua volta. Diz o profeta: ‘Virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos contigo.’ Zc 14:5. ‘E, naquele dia, estarão os Seus pés sobre o Monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o Monte das Oliveiras será fendido pelo meio... e haverá um vale muito grande.’ Zc 14:4. ‘O Senhor será Rei sobre toda a Terra; naquele dia, um será o Senhor, e um será o Seu nome.’ Zc. 14:9.”  O Grande Conflito, págs. 662 e 663. 
“Olhamos então para cima e vimos a formosa cidade, com doze fundamentos, doze portas, três em cada lado, e um anjo em cada porta. Exclamamos então: ‘A Cidade! A grande Cidade! Está descendo de Deus, do Céu!’ Ela desceu com todo o seu esplendor e glória resplandecente, situando-se na grande planície que Jesus preparara para ela.” Spiritual Gifts, vol. 1, pág. 213. 

Então Cristo será rei sobre toda a Terra. Satanás, seus anjos e os ímpios de todas as eras já serão cinzas fumegantes debaixo dos pés dos justos. O mal estará desfeito para todo o sempre. A paz eterna envolve o ar fresco e puro, sem qualquer resquício de poluentes. Seres imortais contemplam a Terra recendendo perfume de tudo novo, porque Jesus fez novas todas as coisas e já não haverá lembrança das coisas passadas. “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor e um será o Seu nome.” (Zc 14:9)

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