Comentários Lição 12 - Criação e o Evangelho (Prof. César Pagani)

16 a 22 de Março de 2013

Verso para Memorizar

“Pois assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” 1Co 15:22.

Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos principal e diários da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos dos impressos na lição em português.

             Falha de projeto?  Será que a concessão da livre vontade aos seres recém-criados não foi um ato falho do Criador? Não seria melhor, para o bem de todos, que Deus não Se arriscasse tanto? Ora, Deus é amor. Seria amor submeter compulsoriamente a vontade dos seres criados, não lhes dando qualquer chance de pensar livremente como seres autônomos? Deus tem vontade livre. Ele pode escolher fazer o que bem entender. Como o homem e a mulher foram criados à Sua imagem, receberam como atributo comunicável do Criador o poder de exercer arbítrio ou fazer escolhas por si mesmos.
            Deus preferiu não pensar por eles, mas neles. Eles não eram meras extensões da Divindade, mas seres dotados de inteligência e perfeição de caráter, que podiam escolher seus caminhos.  O Senhor não tem controle remoto para seres pensantes. Nesse benefício o Senhor mostrou que também é Deus gracioso.  Por concessão de Sua bondade eles eram livres para fazer o que quisessem. É claro que havia mandamentos diretores para sua conduta, porém, eles eram benignos conselhos de justiça e não algemas espirituais.
            O pecado já existia. Começou com Lúcifer e se estendeu aos seus seguidores.  A Terra podia ser contaminada com a intrusão do maligno em seus negócios.  Deus sabia de antemão o quanto lhe custaria, caso o pecado se espalhasse, eliminá-lo do Universo. Seu infinito amor e respeito por Suas criaturas humanas não permitiu que medidas arbitrárias fossem tomadas para limitá-las. Ele instruiu o casal com todo o cuidado sobre a existência do mal. Se eles se mostrassem firmes escolhendo atender às palavras do Eterno e resistissem às insinuações do perverso ser, seriam postos fora do alcance do mal.

DOMINGO
 Graça no jardim
            A graça já existia muito antes do pecado. Cristo era o Cordeiro morto muito antes da fundação do mundo e Ele o foi porque Deus amou o mundo de tal maneira antes que esse existisse. A graça de Deus atuou precedendo o pecado.
            A advertência feita pelo Senhor quando ainda o casal estava em perfeita santidade foi: “[...] No dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2:17). Quando Deus falou “no dia”, estava Se referindo ao período de tempo literal de 24 horas. Isto é, se Adão pecasse, sofreria a morte no mesmo momento. Mas isso não aconteceu. Estaria Deus usando de coerção para obter o que desejava, mas não tinha a menor intenção de cumprir o que prometera na ameaça? Evidentemente que não. E por que o casal transgressor não foi eliminado? Porque os méritos do sacrifício de Cristo pelo mundo já estavam vigendo e poupou o par, dando-lhes tempo de arrependimento e conversão.
            Deus não ficou impassível diante da ofensa que Seus filhos Lhe lançaram em rosto. Com o coração confrangido Ele os procurou no Jardim. Estavam ocultos, mas não à vista dEle. Depois de confrontá-los o Senhor “abriu o processo” de justiça. Fez-lhes várias perguntas para provocar-lhes o senso da gravidade do seu ato.
            Como geralmente acontece com os réus, Adão e Eva declararam-se inocentes. Adão colocou a culpa na mulher e, indiretamente, em Deus. Eva colocou a culpa na serpente e, indiretamente, em Deus. Nenhum dos dois assumiu a culpabilidade.
            A sentença do Juiz foi perfeita e a dosimetria da pena foi muito leve em relação ao vulto da transgressão.
1)     Maldição sobre a serpente, um animal doméstico de Adão.
2)    Inimizade entre homens e Satanás. Entenda-se aqui inimizade de seres convertidos contra Satanás, com luta ativa e ingente , desmedida. Os poderes das trevas pelejariam para tirar a eternidade do alcance do homem.
3)    Dores de gravidez e parto.
4)    Domínio do marido sobre a mulher. Nunca foi plano divino que houvesse algum tipo de supremacia entre ambos.
5)     Maldição sobre a Terra, o ambiente em que o homem vivia.
6)    Sustento angustioso da vida. O trabalho de sobrevivência não seria fácil.
7)     Morte física; extinção, corpo desfeito, dissolução da consciência e dos pensamentos.
8)    Expulsão do Jardim.
9)    Acesso vedado à árvore da vida.
Terminado o julgamento, o bondoso Pai faz vestes de pele para o casal, que já começava a sentir frio por causa da queda de temperatura.
O Senhor os expulsou do Éden, mas nunca deixou de amá-los e cuidar deles. A graça de Deus é, realmente, imponderável, fascinante, encantadora...

SEGUNDA
            O pecado é o assassino da vida tanto temporal quanto eterna. Onde ele reina não pode haver vida em seu sentido mais completo.  Ele transformou um homem eterno – Adão - em pó. Embora esse tenha vivido 930 anos, diz a Escritura que findo esse tempo ele cessou de viver. “Os dias todos da vida de Adão foram novecentos e trinta anos; e morreu.” (Gn 5:5)
            A maior parte do tempo de vida de Adão foi passada no caminho rumo à morte. Ele vivia sabendo que um dia haveria de morrer.  O pecado que cometera e suas consequências foram-lhe pesado fardo durante toda a existência, diz EGW. 
            A “fórmula” criadora de Adão foi argila do solo mais água e uma centelha da vida de Deus – o fôlego de vida. O corpo de Adão não era uma estrutura autoexistente. Ele teve um começo e seria mantido em vida mediante alimentação frugal, ingestão do fruto da árvore da vida e estrita fidelidade a Deus.
            O alvo era manter-se ligado ao Criador, a Fonte da vida. Mas, lamentavelmente, entrou em cena o chatta’th (hebraico) ou hamartia (grego) – pecado -, que literalmente significa “errar o alvo”, “não ter parte em”, “desviar-se do caminho da retidão e honra”, “desviar-se da Lei de Deus” (Léxico de Strongs)
            O mandamento de Deus que era para a vida (ver Rm 7:10) tornou-se em morte por causa da desobediência, da transgressão.  O fluxo da vida eterna vindo do Autor da Vida foi interrompido. O pecado fez divisão entre o pecador e Deus (Is 59:2). Essa separação seria eternamente mortal se Cristo não Se houvesse interposto e restaurado a criação.
            Sendo que a vida estava nEle, sem Ele não pode haver qualquer esperança de vida pós-morte. É por causa do sacrifício de Cristo que os homens ainda desfrutam de sua vida neste mundo.  Porém, se Cristo for rejeitado, não há mais esperança: o salário do pecado será pago integralmente e sem descontos. 

        Cristo morreu pelos ímpios; morreu pelos fracos – isto é, pelos que não podem salvar a si mesmos (Rm 5:6).  Segundo Strongs, ímpio é aquele que é destituído de temor respeitoso para com Deus e que condena a Deus.  Em outras palavras, um inimigo do Altíssimo (Rm 5:10). Pensemos ser admissível que alguém morra por um parente, por pessoas de sua estima, por amigos...  Agora, morrer por inimigos está fora de cogitação. De cogitação humana, mas não nas cogitações de Cristo.
            A despeito de todo o Seu infinito sacrifício, Ele sabia que a maioria dos homens seria tão mal-agradecida que O rejeitaria cruelmente. Até mesmo Seu povo, a quem viera salvar, não O receberia (Jo1:11). Sabia que mesmo muitos membros de Sua igreja nos séculos vindouros  não O aceitariam plenamente. Muitos seriam chamados, mas poucos escolhidos por causa dessa rejeição.  
            Coisa muito estranha para os homens é que Cristo sempre recebeu pecadores (Lc 15:2). Como um Ser de tamanha santidade pode relacionar-Se com pecadores, com inimigos, e amá-los incondicionalmente? Paulo chama essa atitude de Cristo de “mistério da piedade”  (1Tm 3:16). Cristo também é chamado de “o mistério de Deus” (Cl 2:2).
            Ao dar Cristo à humanidade pecadora, Deus provou Seu amor imensurável.  Por que o Criador Se preocupou com um menos que átomo de Seu vastíssimo Universo, a ponto de preservá-Lo com Sua própria vida? Humanamente não dá para entender.  Ele podia simplesmente varrê-lo da existência com o sopro de Sua boca. Não o fez, porém.
            Waggoner pondera que se “Cristo houvesse esperado que adquiríssemos certa fortaleza antes de dar-Se por nós, estaríamos perdidos.”
            A esses fracotes diz o Senhor: “Olhai para Mim e sereis salvos...” (Is 45:22) “Quando virdes vossa pecaminosidade,  não espereis até que vos tenhais melhorado. Quantos há que julgam não ser suficientemente bons para ir a Cristo! Tendes esperança de tornar-vos melhor mediante vossos próprios esforços? ‘Pode o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.’ Jr 13:23. Só em Deus é que há socorro para nós. Não devemos esperar persuasões mais fortes, melhores oportunidades ou um temperamento mais santo. De nós mesmos nada podemos fazer. Temos de ir a Cristo exatamente como nos achamos.” CC, 33.  
“O Salvador inclina-Se sobre a aquisição de Seu sangue, dizendo com inexprimível ternura e piedade: ‘Queres ficar são? ’ Jo 5:6. Manda-vos levantar em saúde e paz. Não espereis sentir que estais são. Crede na Palavra do Salvador. Ponde vossa vontade do lado de Cristo. Determinai servi-Lo e agindo em obediência a Sua Palavra  receberei forças. Seja qual for a má pratica, a paixão dominante que, devido a longa condescendência, prende tanto a alma como o corpo, Cristo é capaz de libertar e anseia fazê-lo. Ele comunicará vida aos seres ‘mortos em ofensas’. Ef 2:1. Porá em liberdade o cativo, preso por fraqueza e infortúnio e pelas cadeias do pecado.” CBV,  84 e 85.

QUARTA
O substituto portador de pecados
            Estudando as Escrituras travamos conhecimento com Deus e somos levados a compreender nossa relação com Cristo, o qual é o portador dos pecados, o penhor, o substituto de nossa raça caída. Estas verdades dizem respeito a nossos interesses presentes e eternos.” FEC,  394.
            Imaginemos a Perfeita Santidade, o Inocente ,  sendo incriminado por transgressões que nunca cometeu. E sabem quem incriminou Cristo? Seu próprio Pai. Leia: “O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos.” (Is 53:6). E sabem por que o Pai fez isso? “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16)
         EGW diz que a Lei de Deus é tão sagrada quanto Ele mesmo. Essa Lei foi transgredida no Éden e passou a ser violada por todos os descendentes de Adão e Eva. A Lei do Senhor é o espelho da justiça, mas não tem poderes salvadores. Enquanto a Lei vigesse, estaria o pecador sob sua condenação e teria de pagar com a vida todas as afrontas dirigidas a Deus mediante o quebrantamento de Sua Constituição. Jesus Se fez maldito (Gl 3:13), para retirar a maldição de sobre nós. Não temos senão pálida ideia do que Cristo teve de suportar – “em todas as coisas foi Ele tentado, mas sem pecado” – para expiar nossos pecados. “Cristo somente teve experiência de todas as tristezas e tentações que recaem sobre os seres humanos. Jamais outro nascido de mulher foi tão terrivelmente assediado pela tentação; jamais outro suportou fardo tão pesado dos pecados e das dores do mundo. Nunca houve outro cujas simpatias fossem tão amplas e ternas. Como participante em todas as experiências da humanidade, Ele poderia não somente condoer-Se dos que se acham sobrecarregados, tentados e em lutas, mas partilhar-lhes os sofrimentos.” Ed,  78. 
            Como nossos pecados são hoje lançados sobre Jesus, o Portador? Mediante arrependimento, confissão e abandono das transgressões. “Cristo foi manifestado como Salvador dos homens. As pessoas não deviam confiar de modo algum em suas próprias obras, em sua própria justiça ou em si mesmas, e, sim, no Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. NEle foi revelado o Advogado junto ao Pai. Por Seu intermédio foi feito o convite: ‘Vinde, então, e argui-Me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.’ Is 1:18. Este convite tem repercutido através dos tempos até os nossos dias. Que o orgulho, a estima ou justiça próprias não impeçam a alguém de confessar seus pecados, para que possa fazer jus à promessa: ‘O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.’ Pv 28:13. Não oculteis nada a Deus e não negligencieis a confissão de vossas faltas aos irmãos quando eles têm alguma ligação com elas. ‘Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis.’ Tg 5:16. Muitos pecados não são confessados, e ter-se-á de enfrentá-los no dia do ajuste final; é muito melhor reconhecer os pecados agora, confessá-los e abandoná-los, enquanto o Sacrifício expiatório intercede em nosso favor. Não tenhais aversão a aprender a vontade de Deus sobre este assunto. O bem-estar de vossa alma, a unidade de vossos irmãos podem depender da atitude que tomais nestas coisas. ‘Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.’  1Pe  5:6 e 7.”  FEC, 239.    

Uma nova criação
            Com Seu sacrifício substitutivo Jesus cravou os pecados de todos na cruz do Calvário. “Um morreu por todos [...]”  (2Co 5:14) Isso quer dizer que Ele obteve a vitória sobre o pecado e através dessa conquista, tem o direito e o poder de tornar  cada ser humano um filho de Deus. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu nome.”  (Jo 1:12) O processo de criar um novo ser  é implementado mediante as condições explícitas nesse verso: 1) Receber a Jesus. 2) Crer no Seu nome. Cumpridos esses requisitos, a mulher e o homem recebem o poder da graça transformadora que os torna filhos de Deus.
            A primeira coisa que Deus faz com os que recebem a Jesus e creem no Seu nome, é dar-lhes um novo coração: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.” (Sl 51:10) Óbvio, ninguém pode ser nova criatura com um coração velho e pecador.  E essa sobrenatural operação é ato gracioso de Deus. Ele é também criador de corações retos e espíritos inabaláveis: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ez 36:26). O Senhor faz isso concedendo livremente Seu Santo Espírito ao pecador submisso. “Porei dentro de vós o Meu Espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.” (v. 27). A obediência requerida pelos mandamentos só pode ser atendida  através do Espírito atuando no crente.  Quem tenta a obediência formal, como faziam os judeus nos tempos de Jesus, está procurando ganhar o Céu por suas próprias obras.  O que Deus procura é a obediência por fé (Rm 16:26). Fé que aceita a Palavra de Deus e atende, pela graça infinda de Cristo, aos seus reclamos.
            Não basta, ressalve-se, ter passado pelo processo da nova criação. É preciso manter-se em suas operações. O Dr. Morris Venden, em seu livro “Como Tornar Real o Cristianismo”, p. 118, escreveu a respeito: “A fim de termos uma experiência viva com Cristo, precisamos fazer duas coisas. Primeira: devemos ir à cruz diariamente com Jesus a fim de renunciar a nós mesmos e permitir que Ele assuma o controle... Isso envolve uma vida devocional diária, em que tomamos tempo significativo a sós, no início de cada dia, para buscarmos um relacionamento pessoal com Jesus através da Sua Palavra e da oração.  E se buscarmos a Deus de todo o coração, O acharemos (Jr 29:13).
            “A outra coisa de que necessitamos a fim de continuarmos a crescer nesse relacionamento é outra forma de comunhão: envolvimento no evangelho por meio do testemunho e do serviço cristão. E se Filipenses 2:12 for aplicado ao serviço cristão, é fácil ver onde entra o “temor e tremor”! Mas lembre-se de que Deus opera em nós ‘tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade.’”  

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