Comentários Lição 01 - Adultério Espiritual - Oséias (Carlos Bitencourt)

30 de Março a 06 de Abril de 2013

Você já ouviu alguém dizer que o Deus do Velho Testamento era terrível, vingativo e cheio de ira? Pois bem, esse tema diz respeito ao Seu caráter e natureza, Seu modo de agir e ser, e é muitíssimo interessante estudá-lo à luz da própria Bíblia. Por sinal, justamente essa é a proposta da Lição da Escola Sabatina – deixar a Bíblia se explicar. Só que, para isso, somos convidados a tirar as sandálias de nossos pés. Sejamos, então, reverentes.
 
A última parte do Velho Testamento é composta do que chamamos de livros dos profetas menores – menores não em importância, é lógico, mas por serem relativamente pequenos em páginas – porém, quando focamos a natureza e o caráter de Deus, concluímos que são profetas menores sim, mas, grandes livros, excelentes obras.

Entre Davi e Jesus houve um período de uns 1.000 anos. Os 12 profetas menores estão nesse intervalo, entre 800 a 400 anos antes de Cristo. Nesse tempo, o reino de Davi havia sido dividido em dois: duas tribos ao sul, com capital em Jerusalém, e chamado de Reino de Judá (os judeus); e, dez tribos ao norte, com capital em Samaria, e chamado de Reino de Israel (os israelitas). Deus não abandonou nem os judeus e nem os israelitas – mas veremos se eles abandonaram ou não a Deus.

O reino do norte veio a ser extinto em 722/721 a.C. pelos assírios. Deixou de existir. (Os samaritanos do tempo de Jesus não são os israelitas do passado). Por eles passou Elias, Eliseu, Obadias, Amós e Oseias.

O reino do sul foi dominado por Nabucodonosor, em 605 a.C., e levado cativo para Babilônia. Nessa época, o ministério profético era exercido pelo idoso Jeremias, ainda em Jerusalém, e renovado através de Daniel e Ezequiel, ambos no cativeiro. Os judeus, por fim, retornaram à terra natal. (Esse, sim, é o povo da Judeia e da Galileia no tempo de Jesus). Lembremos, no entanto, que, antes do cativeiro, Deus Se manifestou por Joel, Miqueias, Isaías, Sofonias, Naum, Habacuque. Depois do cativeiro, reinstalados em Judá, os profetas foram: Ageu, Zacarias e Malaquias.

Veremos, também, que Deus Se manifestou a favor de outras nações, como é o caso de Jonas em Nínive.

Pois, então, nosso desafio será estudar a Palavra de Deus, fazendo um exercício enorme para tirar nossos ranços e preconceitos, pedindo que o Espírito do Senhor nos faça beber da límpida fonte, da água cristalina, e ver como realmente é o modo de agir do Deus do Velho Testamento.

Um dia (no Éden) Cristo falou sobre salvação com Adão. Em outra ocasião (na cruz do Calvário) abriu os Seus braços e deu a Sua vida (cumpriu o prometido no Éden). A questão é: será que no intervalo entre esses dois marcantes dias Ele agiu de modo diferente? Teria Seu caráter sido mudado?

Para aguçar ainda mais os nossos sentidos, temos um título geral para o trimestre bastante redentivo – “Busque ao Senhor, e viva!”. (Redentivo mesmo, não é verdade?!)

Com certeza, o leitor deve estar lembrado que Jesus, no Novo Testamento, falava por parábolas. Bem, no Velho Testamento, Ele falava por metáforas – e, entre elas, por exemplo, a do matrimônio. O povo de Israel estava acostumado com esse simbolismo. Os profetas diziam que a nação era a esposa, e Deus, o noivo. Me parece que, mesmo hoje, quando contamos alguma história, uma experiência, ou uma metáfora, os ouvintes sentem facilidade no aprendizado. Aproximamos o discurso da realidade. Assim, quando Oseias fala de seu próprio casamento, o povo tem diante de si a oportunidade de realizar uma reflexão, profunda a ponto de provocar arrependimento.

Como é de se esperar, porém, as coisas espirituais só são discernidas de forma espiritual – e como isso faltava ao povo, o drama pessoal do profeta, que refletia o de Deus, foi pouco apreciado por eles (e daí o fim que tiveram). Da parte das pessoas, é latente o desprezo; de Deus, a vontade enorme de reconciliação.

Na introdução de sábado (30 de março), o pensamento-chave diz: “Mesmo em meio ao adultério espiritual e ao juízo divino, o amor de Deus por Seu povo nunca vacila”.

DomingoUma Estranha Ordem (31 de março). Para impressionar Adão, Deus explicou a Redenção através da morte de um cordeirinho (Adão o matou). Para impressionar os israelitas, Deus disse que Seu mensageiro deveria se casar.

Ora, casamento sempre foi algo normal (inclusive naquela época), mas, o impressionante, porém, é que Deus disse que ele deveria se casar com uma adúltera – fato repugnante aos israelitas. Isso era completamente contrário aos princípios tanto dos que verdadeiramente seguiam como daqueles que diziam estar seguindo a religião. (Enxergamos o cisco no olho dos outros, mesmo tendo uma trave no nosso).

Imagine o pastor da nossa igreja se casar com uma conhecida prostituta, e guardar para si que isso era um pedido de Deus!!! Que profeta é esse?!!!
Lembram que, no tempo de Jesus, queriam apedrejar uma adúltera? Esse raciocínio vinha de longa data! E a esposa de Oseias era passível disso.

Alguns discutem se ela se entregou a prostituição antes ou depois do casamento; se a história era real ou fictícia. Vou pelo lado sem discussão: o povo era infiel.

Ora, assim como era estranho para Oseias, também podemos dizer, de certo modo, que havia sido estranho para o próprio Deus! Segundo a ótica de todas as criaturas do Universo, o que Ele fez em Gênesis 3 foi estranho demais! E continuou a ser estranho durante todas as gerações seguintes, incluindo essa, de israelitas apostatados, ingratos. O Santo Deus tomar a iniciativa de reconciliação em favor do pecador!!! (Às vezes é usada a expressão pecador indigno. Mas, será que existe pecador digno?).

Mas é justamente isso que deve nos chamar a atenção. Aí está a revelação do caráter e natureza de Deus. Seu amor é verdadeiramente eterno, imutável. O povo mudou, mas Deus não. Amar alguém que tem comportamento de rebeldia?!!!
E agora, através dessa experiência de Oseias e Gômer, o Redentor buscou desviar a atenção das pessoas para a história de Seu amor por Israel, conforme Sua promessa a Abraão, conforme Sua promessa a Adão, conforme Seu propósito antes da fundação do Mundo.
Uns 700 anos depois – na cruz do Calvário – Cristo provou não ter mudado. Não cancelou a garantia de Salvação então oferecida aos israelitas. Pena eles não terem aceitado.
* Permita-me uma correção: oferecer reconciliação não é estranho para Deus. Estranho para Ele seria não oferecer reconciliação. Este sim seria um ato estranho.

SegundaTraição Espiritual (1º de abril). Você continuaria a ajudar financeiramente uma pessoa se soubesse que ela estaria usando o dinheiro para comprar e consumir bebidas alcoólicas? Mas, e se em vez de tal consumo, ela vivesse numa boa, porém contando por aí ter recebido ajuda de outro, e não de você? Você se ofenderia caso outro levasse o crédito? Você cessaria a benção?

Tal qual Gômer, Israel praticou esse tipo de traição. Dentro do desenrolar do grande conflito, a atitude de Israel simboliza a continuação e aprofundamento da traição espiritual do ser humano – é a manifestação de sua associação com a rebelião de Satanás.

Mas, na terça, dia 2 de abril, a longaminidade de Deus é reapresentada – Promessa de Restauração. (Falar do amor de Deus a um povo indigno é uma verdade profunda, comovente).

Numa das páginas da lição (sexta, dia 5), há essa pergunta: “Pense no elevado preço da nossa redenção. O que isso nos diz sobre nosso valor diante de Deus?”. Na de hoje, terça, a pergunta é assim: “Deus oferece gratuitamente o perdão dos pecados. Qual é o custo do perdão para Deus?”.

Ora, diante de tais questões, me nego a explorar os erros de Gômer, e imaginar o possível desprezo manifestado pelos amigos, parentes e vizinhos de Oseias. Para mim, nada de falar dos atos de Satanás. Longe disso, prefiro falar do amor de Deus. Deus nos ama. Somos quem somos, e Deus nos ama. Ama tanto que foi capaz de humilhar-Se a ponto de viver entre nós, e, por nós, dar Sua preciosa vida. Ama tanto que é capaz de nos chamar para reconciliação e vida nova. Não há maravilha maior!

QuartaAcusação Contra Israel (3 de abril). É verdade que o texto bíblico fala dos erros de Israel. Erros há, e não os ignoramos, e eles estão bem declarados. Porém, o que chama a atenção é que, assim como no caso de Adão e Eva, Deus mostrou os erros misturados com o convite de reconciliação. Uma taça misturada com misericórdia. Sua disciplina não é punitiva, mas, sim, redentiva. Mostra o erro, e chama para provocar arrependimento. Diz que você é pecador, e que Ele é Salvador. Viabiliza perdão.
Que fique bem claro, então: tempos depois, confirma-se a queda e extinção de Israel; o Reino do Norte deixaria de existir – porém, justiça seja feita: o Livro de Oseias prova que foram eles quem preferiram não entregar a vida ao Senhor. Eles se recusaram a ser salvos. Cegados pelo inimigo, desprezaram o convite divino.

QuintaChamado ao Arrependimento (4 de abril). Através de Oseias, Deus estava dizendo para a esposa voltar. Tal oferta parte de algo primário, fundamental: Deus estava disposto a recebê-la; as portas da casa estavam abertas, e Seus braços também.

Eu fico impressionado com o discurso de Pedro, no início do Livro de Atos. Ele revelou que Cristo desejava o arrependimento daqueles que O acusaram e O mataram. Fantástico! O próprio Pedro havia passado por tal experiência, e se entregou.

SextaConclusão (5 de abril). “A qualquer momento, Deus pode retirar dos impenitentes as garantias de Seu maravilhoso amor e Sua misericórdia. Quem dera os seres humanos pudessem conhecer qual será o resultado inevitável de sua ingratidão para com Deus e de seu desprezo pela dádiva infinita de Cristo para nosso mundo! Se continuarem amando a transgressão mais do que a obediência, as atuais bênçãos e a grande misericórdia de Deus que agora desfrutam, mas não apreciam, finalmente se converterão na causa de sua ruína eterna. Quando for demasiadamente tarde para que vejam e compreendam o que têm menosprezado como algo banal, saberão o que significa estar sem Deus e sem esperança. Então compreenderão o que perderam por haver escolhido ser desleais a Deus e se manter em Rebelião contra Seus mandamentos” (Comentário Bíblico Adventista (Espanhol), vol. 4, pág. 1184).

Como será a nossa história?

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