Comentários Lição 6 - Criação e Queda (Prof. César Pagani)

de 02 a 08 de Fevereiro de 2013
Verso para Memorizar:

Verso em Destaque: “Terá de trabalhar no pesado e suar para fazer com que a terra produza algum alimento; isso até que você volte para a terra, pois dela você foi formado. Você foi feito de terra e vai virar terra outra vez.” Gn 2 – NTLH.

Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos principal e diários da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos dos impressos na lição em português.

Tem-me sido apresentada a deplorável condição do mundo no tempo atual. Desde Adão, a humanidade tem estado degenerando. Foram-me reveladas algumas das razões da lastimável condição atual de homens e mulheres formados à imagem de Deus. E o sentimento de quanto será necessário fazer para deter, mesmo em pequena escala, a decadência física, mental e moral, fez com que o meu coração ficasse pesaroso e abatido. Deus não criou o gênero humano em sua presente condição debilitada. Este estado de coisas não é obra da Providência, mas, do homem; e tem sido ocasionado por maus hábitos e abusos, pela violação das leis que Deus estabeleceu para governar a existência humana. Cedendo à tentação de satisfazer o apetite, Adão e Eva caíram originalmente de sua condição elevada, santa e feliz. E é por meio da mesma tentação que os homens se têm debilitado. Eles têm permitido que o apetite e a paixão ocupem o trono, mantendo em sujeição a razão e o intelecto.” Ed, 9.
A queda foi de tanta magnitude e atingiu tal ponto, que foi necessário que Deus lançasse mão da mais custosa providência requerida: encarnação, sofrimento e morte redentora de Seu próprio Filho. Hoje, no mundo em geral, a imagem e semelhança de Deus está tremendamente obliterada, quase irreconhecível.
Porém, é maravilhoso que o drama não se encerra na queda, mas na glorificação. Tudo voltará a ser como era antes do pecado. Ou melhor ainda.

DOMINGO

A serpente era mais esperta
             “Satanás assumiu a forma de serpente e entrou no Éden. A serpente era uma bela criatura com asas, e quando voava pelos ares apresentava uma aparência brilhante, parecendo ouro polido. Ela não andava sobre o chão, mas ia de uma árvore a outra pelo ar e comia frutos como o homem. Satanás entrou na serpente e tomou sua posição na árvore do conhecimento e começou vagarosamente a comer do fruto.” HR, 32.  
            A arma do fascínio – O inimigo poderia ter-se apresentado como um belo pássaro canoro multicolorido, de formas atraentes. Poderia ter-se apresentado como um animal de formoso aspecto – um leão dourado, por exemplo -, mas preferiu a forma da serpente, com seu aspecto brilhante como de ouro polido, voadora (ver Is 14:29, 30:6) e “sagaz”, isto é, esperta, sutil, prudente (ver Mt 10:16), colorida, com padronagens de pele sedutoras. EGW diz no Grande Conflito, p. 531, que a serpente era uma “criatura de fascinante aspecto” (ver também PP, 54).
            A estratégia era primeiramente atrair e fixar a atenção e depois aplicar argumentos que apelassem à emoção e ao raciocínio. O satânico impostor fez, de início, um elogio bem composto da beleza e do encanto pessoal de Eva. O resultado de todo o conjunto de circunstâncias que envolvia o diálogo produziu reações emocionais em Eva: “Eva estava encantada, lisonjeada, enfatuada.” HR, 33.
Uma situação quase hipnótica obstruiu o pensamento lógico de nossa primeira mãe.  Ela não conseguia submeter o que estava ocorrendo à boa razão. “Não ocorreu à sua mente que este pudesse ser o inimigo decaído, usando a serpente como médium. Era Satanás quem falava, não a serpente... Tivesse encontrado uma personagem autoritária, possuindo uma forma semelhante à dos anjos e a eles se parecendo, teria ela se colocado em guarda. Mas essa estranha voz devia tê-la impelido para junto de seu marido, a fim de perguntar-lhe porque outro podia assim livremente dirigir-se a ela. Mas entrou em controvérsia com a serpente. Respondeu a sua pergunta: ‘Do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.’ Gn 3:2-5.” 
            Nas tentações do deserto, o perverso e traiçoeiro mentiroso-chefe tentou com Jesus o mesmo expediente. Apareceu-Lhe em forma de um luminoso anjo. Ele alterou sua aparência decaída fantasiando-se de um anjo de Deus. Apresentou-lhe cenas contendo as visões mais fascinantes do mundo e prometendo dar o domínio a Jesus, se Este o adorasse. Procurou fazer com que Jesus olhasse para as pedras do deserto (encantamento visual) para que em Sua mente elas figurassem broas de trigo.  Porém, Cristo, diferentemente de Eva, submeteu as argumentações do maligno ao teste da Palavra de Deus. Os duvidosos “se” inseridos nas propostas de Satanás não enganaram Cristo. O Salvador, inda que cansado, faminto, debilitado e desgastado por quarenta dias de tentações contínuas, repeliu o tentador com um poderoso “Está Escrito”.   
  
SEGUNDA
             O diálogo entre Satanás, via serpente, e Eva começou com uma pergunta cavilosa (fingida) por parte do enganador, apresentada com negativa (“Não comereis de toda árvore!”) falsa. O perverso trapaceiro queria apenas um “gancho” para iniciar a conversa sedutora. Afinal de contas, ele conseguira enganar a terça parte dos exércitos celestiais com suas argumentações, e por que não seria capaz de tapear uma inexperiente mulher recém-criada? Ele sempre gosta de insinuar dúvidas: “Se Tu és o Filho de Deus...”
            Exploração dos sentidos - Eva não percebeu que a mágica de um animal falante poderia ser um ardil. Tanto quanto ela sabia, Deus não concedera o dom da fala a animal nenhum. Ainda assim, seu “desconfiômetro” não funcionou. O inusitado acontecimento despertara a curiosidade da primeira mulher, a ponto de ela não se dar conta de que o que estava acontecendo poderia ser arte daquele inimigo de que os anjos celestiais tanto falaram. O elemento visual (sedução pelos olhos) apresentado pela serpente - voadora e semelhante em aspecto ao ouro polido reluzindo magneticamente à luz do Sol - era uma distração para diminuir o nível de atenção concentrada da mulher.
            Não sabemos por que Eva fez acréscimos à ordem de Deus, que nada dissera sobre não tocar o fruto. Erro de interpretação? Mas não havia nada a interpretar numa ordem tão clara. Há que se destacar também o perigo da racionalização quando estivermos sob tentação.  Observemos a sequência deste verso: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento...” (Gn 3:6). Aqui se pode ver o que Eva racionalizou: 1) A árvore era boa para se comer. Ora, Satanás dissera que a serpente havia comido do fruto e agora estava falando e se expressando com inteligência. Eva pensou que se a serpente, um animal, atingira tal grau de conhecimento, por que ela não estaria numa esfera bem superior após comer do fruto?  O segundo ponto era que o fruto parecia tão lindo, saboroso e atraente que não poderia ter nada em si de perigoso ou prejudicial. A terceira racionalização foi com respeito à presunção de obter um grau de inteligência muito maior em curtíssimo prazo. Eva foi apanhada na tríplice força da tentação: a concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida.
         Nunca se obtém qualquer benefício ou vantagem desprezando as expressas ordens de Deus. É fatal não dar ouvidos ao que se encontra revelado na Palavra de Deus. Outro ponto é a mistura da verdade com o erro.
            Mais uma precaução a tomar: Nunca devemos dialogar com a tentação. Essa deve ser repelida de pronto com um “Assim diz o Senhor” e “Está escrito”.        
           

         Satanás, usando a serpente, introduziu uma afirmação chocante e que contrariava frontalmente a Palavra de Deus . Deus dissera: “Morrereis”, o inimigo replicara: “Não morrereis”. A capciosa declaração deveria ter despertado em Eva, que era uma mulher com superior inteligência, a desconfiança de que havia algo errado. As mulheres são muito perspicazes e percebem as coisas no ar. E Satanás não usou de rodeios para contradizer Deus diante da mulher. Ele foi direto.
            A inspirada escritora Ellen White escreveu sobre o teor do argumento satânico apresentado a Eva: “’Disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.’ Gn 3:2-5. A serpente declarou que se tornariam como Deus, possuindo maior sabedoria que antes, e sendo capazes de uma condição mais elevada de existência. Eva cedeu à tentação e, por sua influência, Adão foi levado ao pecado. Aceitaram as palavras da serpente, de que Deus não queria dizer o que falara; desconfiaram de seu Criador, e imaginaram que Ele estava a restringir-lhes a liberdade, e que poderiam obter grande sabedoria e exaltação por transgredir Sua lei.” GC, 532.
              Seguindo a mamãe: É sobremaneira admirável a cegueira do povo desta geração. Milhares rejeitam a Palavra de Deus como indigna de crédito, e com absoluta confiança esposam os enganos de Satanás. Cépticos e escarnecedores acusam o fanatismo dos que contendem pela fé dos profetas e apóstolos, e divertem-se ridicularizando as declarações solenes das Escrituras referentes a Cristo, ao plano da salvação e ao castigo que aguarda os que rejeitam a verdade. Aparentam grande piedade por espíritos tão acanhados, fracos e supersticiosos que reconheçam as reivindicações de Deus e obedeçam aos requisitos de Sua lei. Manifestam tamanha segurança como se na verdade, houvesse feito um concerto com a morte e uma aliança com o inferno - como se houvessem erigido uma barreira intransponível, impenetrável, entre si e a vingança de Deus. Nada lhes pode suscitar temores. Tão completamente se têm entregue ao tentador, tão intimamente se acham com ele unidos e tão imbuídos de seu espírito, que não têm poder nem inclinação para desembaraçar-se de suas ciladas.” GC, 561.  
            Por falar em evidências, uma coisa evidente é um fato que não dá margem à dúvida. Mas nossos primeiros pais duvidaram da evidência dada por Deus e acreditaram na inevidência expressada pelo conspirador-mor. As dúvidas ocorrentes no coração daqueles seres criados santos só podem ter explicação em seu poder de escolha.
            Satanás continua a aplicar o mesmo critério de tapeação: 1) Tenta induzir, pela vista, o homem ao pecado. 2) falhando a primeira investida, sugere mentiras que parecem ter foros de verdade; apela à inteligência, mas procura dirigi-la segundos seus propósitos, e (3) introduz sinais e milagres para, com utilização do sobrenatural, impressionar os corações e seduzi-los. Não fará ele, porventura, nos últimos dias, o uso de sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios escolhidos? 
 
QUARTA
Graça e Juízo no Éden – parte1
            Após a queda Deus faz um breve interrogatório com Adão. Observemos que o Senhor não se dirigiu a Eva, que foi o pivô da queda, mas ao homem. Por que não à mulher?  Porque Adão era o responsável maior perante Deus, o rei da Terra. Veja o que diz Paulo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rm 5:12).
            Se Adão tivesse resistido à tentação, o pecado não teria entrado no mundo. Isto é o que se evidencia do texto paulino.  Eva morreria por seu próprio pecado, Adão não. Veja este texto do Espírito de Profecia: Adão compreendeu que sua companheira transgredira a ordem de Deus, desrespeitara a única proibição a eles imposta como prova de sua fidelidade e amor. Teve uma terrível luta íntima. Lamentava que houvesse permitido desviar-se Eva de seu lado. Agora, porém, a ação estava praticada; devia separar-se daquela cuja companhia fora sua alegria. Como poderia suportar isto? Adão havia desfrutado da companhia de Deus e dos santos anjos. Havia olhado para a glória do Criador. Compreendia o elevado destino manifesto à raça humana, se permanecessem fiéis a Deus. Todavia, estas bênçãos todas foram perdidas de vista com o receio de perder ele aquela única dádiva, que, a seus olhos, sobrepujava todas as outras. O amor, a gratidão, a lealdade para com o Criador, tudo foi suplantado pelo amor para com Eva. Ela era uma parte dele, e ele não podia suportar a ideia da separação. Não compreendia que o mesmo Poder infinito que do pó da terra o havia criado, como um ser vivo e belo, e amorosamente lhe dera uma companheira, poderia preencher a falta desta. Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria  ele. Afinal, raciocinou, não poderiam ser verdadeiras as palavras da sábia serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste ato de desobediência. Exprimia maior amor para com ele do que antes. Nenhum sinal de morte aparecia nela, e ele se decidiu a afrontar as consequências. Tomou o fruto, e o comeu rapidamente.” PP, 56, 57.
            Pois bem, agora o culpado par esperava a sentença máxima de Deus. Adão pensava que Deus iria fulminá-los ali mesmo. Mas algo aconteceu. Eles não morreram naquele dia. Será que Deus voltara atrás no que havia dito?
            Algo maravilhoso que só Deus tem ocorreu naquele momento. A graça divina poupara a vida de Adão e Eva. Foi-lhes explicado que, no futuro, Aquele que era igual a Deus Se revestiria de carne para expiar a culpa daquele pecado e de todos os outros cometidos pela descendência de Adão e Eva.  O Ser divino vindo do Céu tomaria a descendência de Eva. Ele redimiria totalmente a Criação, retirando a maldição que ora caía sobre a Terra por causa do pecado de Adão.
            Ele seria atacado e ferido pela serpente (Satanás), mas lhe esmagaria a cabeça mediante Sua morte e ressurreição. O juízo que Deus pronunciara iria cair sobre o Descendente da mulher: “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53:5) 
            O Juiz Se tornaria réu. Ele absolveria assim todos os seres humanos: “E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2 Co 5:15) 
           
Graça e Juízo no Éden – parte 2
            A primeira sentença do Juiz foi contra a serpente. Não que o animal tivesse culpa em si mesmo, mas ela se tornaria um símbolo e memorial da sutileza do engano e do pecado. Ela fora usada como médium tendo seu corpo tomado pelo anjo decaído. Agora ela não mais seria aquele animal inofensivo, deslumbrante, obra maravilhosa do Criador. Porém, um ser asqueroso, peçonhento, temido, detestado e caçado pelo homem. Não mais voaria, mas rastejaria sobre seu ventre  e se tornaria predadora traiçoeira.
A sentença que Deus pronunciou sobre a serpente  teve mais direto peso sobre o astucioso tentador, introdutor do pecado no Universo e, especialmente, na Terra.  "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Gn 3:15.
   Deus declara: "Porei inimizade." Esta inimizade não é entretida naturalmente. Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado.  Ambos se tornaram malignos pela apostasia. O apóstata nunca está em sossego, exceto quando obtém simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo os anjos decaídos e os homens ímpios se unem em desesperada união. Se Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar inimizade contra Satanás, toda a família humana se teria unido em oposição a Deus.”  GC, 505.
Essa inimizade é inserida pelo Espírito Santo no interior do homem quando ele aceita entrar em aliança com Deus. Chama-se “ódio contra o pecado”.  Pelo sacrifício de Cristo o homem recebeu o direito de ter a graça da inimizade contra a transgressão. Um coração mudado pelo Espírito Santo não abriga o pecado, mas o odeia assim como Deus o faz.  À medida que o ser vai sendo santificado por ação do Espírito, mais inimizade cresce em seu íntimo. Para combater o maligno ele se alista no exército de Cristo e sai proclamando o Evangelho prometido em Gn 3:15. Assim invade o território dominado por Satanás e arrebata-lhe os súditos.
O Maravilhoso Salvador compadeceu-Se do homem e resolveu descer
“O Filho de Deus, o glorioso Comandante do Céu, ficou tocado de piedade pela raça decaída. Seu coração moveu-se de infinita compaixão ao erguerem-se diante dEle os ais do mundo perdido. Entretanto o amor divino havia concebido um plano pelo qual o homem poderia ser remido. A lei de Deus, quebrantada, exigia a vida do pecador. Em todo o Universo não havia senão um Ser que, em favor do homem, poderia satisfazer as suas reivindicações. Visto que a lei divina é tão sagrada como o próprio Deus, unicamente um Ser igual a Deus poderia fazer expiação por sua transgressão. Ninguém, a não ser Cristo, poderia redimir da maldição da lei o homem decaído, e levá-lo novamente à harmonia com o Céu. Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado - pecado tão ofensivo para um Deus santo que deveria separar entre Si o Pai e o Filho. Cristo atingiria as profundidades da miséria para libertar a raça que fora arruinada.”  PP, 63.

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