Comentários Lição 04 - Criação: Um Tema Bíblico (Prof. César Pagani)


19 a 25 de janeiro de 2013

Verso para Memorizar:
Verso em Destaque: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Ap 14:6, 7.

Nota do comentarista: Os irmãos poderão achar alguma diferença nos títulos principal e diários da lição. É que os traduzimos diretamente do original e esses podem não ser iguais aos dos impressos na lição em português.  
           
Em todo o transcurso do texto bíblico, há várias referências diretas à Criação. A Bíblia é, por excelência, não um, mas o Livro criacionista. Sendo verdadeira como é a Palavra de Deus, nela descobrimos como tudo começou e quem fez todas as coisas visíveis e invisíveis. Há 20 referências – na Almeida Revista e Atualizada – a Deus como Criador. Dez menções do termo criação. Há na Escritura inúmeros empregos do verbo fazer como ato divino em relação à produção de coisas criadas.
            A Constituição do Universo, a Santa Lei de Deus, traz em seu quarto artigo a afirmação de que Deus é o Criador de todas as coisas.
            O sistema de dízimos e ofertas de Israel estava fundamentado no conceito de que, por Deus ter criado tudo quanto existe, tem direito de requerer oferendas. Muitas vezes a Escritura afirma que a Deus pertencem todas as coisas, confirmando assim como detentor legítimo de tudo quanto há.
            Deus é Senhor, a maior Autoridade do Universo, por força de Seu status de Criador. Ele pode reivindicar com toda a legitimidade qualquer coisa, pois dEle tudo se origina. 
Criador por amor - “Foi o Criador de todas as coisas que ordenou a maravilhosa adaptação dos meios ao fim, e do suprimento às necessidades. Foi Ele que no mundo material proveu para que todo o desejo implantado devesse ser satisfeito. Foi Ele que criou a o ser humano, com sua capacidade para saber e amar. E Ele não é por natureza de molde a deixar não satisfeitos os anelos do coração. Nenhum princípio intangível, nenhuma essência impessoal ou simples abstração poderia satisfazer às necessidades e anelos dos seres humanos nesta vida de lutas com o pecado, tristeza e dor. Não basta crermos na lei e na força, em coisas que não têm piedade ou nunca ouvem o brado por auxílio. Precisamos saber acerca de um braço Todo-poderoso que nos manterá, e de um Amigo infinito que tem piedade de nós. Necessitamos agarrar-nos a uma mão aquecida pelo amor, confiar em um coração cheio de ternura. E efetivamente assim Deus Se revelou em Sua Palavra.” Ed, 133. 
   
DOMINGO

A criação em gênesis 2
“Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou.” (Gn 2:4) Este verso faz uma afirmação inquestionável em termos de verdade. Em outras palavras: “Foi deste jeito e acabou a história!” Não há aqui qualquer especulação, qualquer traço de teoria, suposição, conjectura, elucubração. Além de ser revelador, o texto está vazado em lógica mui consistente.   
Um cientista cristão disse que a verdade é descoberta, não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela (a lei da gravitação universal existia antes de Newton). Antes da existência do livro de Gênesis, que Moisés escreveu provavelmente cerca de 1.420 a.C., a verdade da criação já existia há 2.584 anos.  
O capítulo dois de Gênesis acrescenta detalhes ao que foi registrado concisamente no capítulo anterior. Ele conta como Deus criou o homem. O modus creandi ou modo de criação foi registrado para revelar o candente amor divino expresso na realização do ponto alto do processo criador. Deus não falou: “Apareça o homem” ou “Produza a terra o homem segundo nossa imagem e semelhança”.
Ele fez questão de modelar com Suas santas mãos a figura daquele que seria o rei do novo mundo. Imaginemos o Senhor juntando mais ou menos uma tonelada e pouco de argila úmida e depois, como habilíssimo escultor, modelando detalhadamente a “escultura” de Adão.
Jesus avalizou o relato bíblico da criação do homem afirmando que Deus criou homem e mulher. Adão foi criado de matéria inorgânica, porém insuflado do hálito de Deus. Já, Eva, de matéria orgânica, de carne viva, recebendo também o sopro de vida. Por que o Senhor não fez Eva de barro também? Ele poderia ter modelado duas estátuas ao mesmo tempo, mas não o fez. Se assim fosse, Adão não poderia ter entendido o significado da união conjugal, se sua companheira não fosse osso de seus ossos e carne de sua carne. A mulher proveio do homem, mas na geração seguinte, o primeiro filho nascido aqui, Caim, proveio da mulher. O conúbio ou ligação íntima propagaria a espécie. Homem e mulher seriam necessários para cumprir o propósito divino de povoar a Terra. O senso de ligação entre os dois deve ter sido muito forte também. 
O modo de Deus proceder na criação do primeiro par traz-nos lições importantes. O homem, mesmo em seu estado perfeito, precisava de alguém que o completasse. Não fosse assim e Deus não procuraria uma “adjutora” para ele.  Adão era “metade de uma carne”; Eva era “metade de uma carne”. Deus juntou os dois e eles se tornaram uma só carne, um organismo vivo e palpitante destinado a desfrutar eterna felicidade. Dois seres, uma só vida.  
SEGUNDA
            O salmo 8 nos dá em breves palavras uma aula de cosmogênese, isto é, da origem dos cosmos. Se você perguntar ao texto do salmo sobre como os céus vieram a existir, ele lhe vai dizer que o Senhor (leia-se Jeová), através de Suas obras, magnificou o Seu nome “em toda a Terra”. Mas Ele não criou somente a Terra com suas maravilhas.  Ele também pôs Sua glória nos céus. Uma contemplada nos céus constelados é suficiente para ter pálida ideia da grandeza do Criador e da pequenez do ser humano em relação ao Universo.
            A propósito, o astrônomo e escritor Iain Nicolson escreveu: “A Terra onde vivemos é apenas um planeta de uma família que gira em torno do Sol, enquanto esse não é mais que uma estrela comum no enorme sistema estelar – a Via Láctea – que é nossa galáxia. Da mesma forma, nossa galáxia é simplesmente uma pequena partícula entre as incontáveis galáxias que vão até o extremo do Universo visível – algumas delas tão distantes que sua luz leva milhares de milhões de anos para chegar até nós. Na verdade, o Universo que pode ser observado abrange centenas de milhares de milhões de milhões de milhões de quilômetros. Contra o fundo do Universo, a Terra parece realmente bem insignificante. E o homem, muito mais insignificante ainda.” Astronomy, p. 10.
            Esse salmo também diz que as mãos do Criador estão patentes na Terra, onde Ele cercou o homem de todos os privilégios, inclusive o de domínio do planeta. Os animais, tanto domésticos quanto selvagens, são também obra do Senhor.
            Deus é o único Ser transcendente. Ele, diz o salmo 104, Se veste de luz como de um manto. Muito antes de povoar a Terra, o Senhor lançou-lhe os fundamentos, isto é, seu núcleo interno, núcleo externo, manto inferior, manto superior e crosta.

            O abismo ou oceano (verso 6) foi feito como coberta aquática do planeta.  Os versos 7-9 referem-se claramente ao ato divino descrito sucintamente em Gn 1:10, quando Deus fez surgir a porção seca. Porém, esse salmo diz mais. Ele não somente é o Criador, mas também o Mantenedor da vida, porquanto por Seu poder faz “crescer a erva para os animais e as plantas para o serviço do homem”. O salmo 24 também dá testemunho de Deus como o Criador de tudo. 
            Já o Sl 33 testifica do modo criador, ou seja, da maneira como o Senhor criou tudo – pelo poder de Sua palavra. O Sl 74 fala do Senhor como autor do dia e da noite, do Sol e da Lua, das estações do ano.
            Por fim, o Sl 89:11 afirma os direitos de propriedade do Criador sobre os céus e a Terra. Tudo Lhe pertence e a ele todos os seres criados devem louvor e honra.


         No pito ou repreensão que Deus deu em Jó por causa das intempestivas palavras do angustiado e sofrido patriarca, Ele Se apresenta como Criador e faz um tipo de romaneio de Suas obras na Criação. Deus desafia Jó a ensinar-Lhe sabedoria, conhecimento e poder.
Deus começa desafiando Jó a explicar-lhe como o mundo teve início, e por que a Terra tem as exatas dimensões que apresenta. Por que Deus não a fez do tamanho da Lua ou de Júpiter, com seus 142.880 km de diâmetro equatorial, com um giro diário sobre seu próprio eixo em nove horas e 51 minutos? E a proporção perfeita entre porção seca e porção líquida?
E o Senhor foi mais longe. Pediu explicações a Jó sobre as camadas fundamentais que se encontram abaixo da terra, ou os alicerces do mundo.
Até o clima de júbilo reinante durante o espetáculo da Criação o Senhor descreveu, dizendo que havia coros celestiais entoando cânticos de louvor e os brados de alegria dos habitantes dos mundos já criados e da hoste celestial.
Os matemáticos limites que Deus estabeleceu para o ar, a água e a terra, a fim de constituírem um lar perfeito para homens e animais. Deus sabia o exato peso que a crosta terrestre suportaria quando o mundo fosse totalmente povoado, o espaço que precisaria haver entre vegetação, águas, culturas de alimentação, moradias, etc.
Deus pergunta a Jó se ele já passeara, por acaso, pelo fundo dos oceanos e se já examinara suas nascentes (v.16).
O Senhor está procurando dar a Jó uma ideia de Sua infinitude e poder e fazê-lo compreender Sua soberania. Ninguém tem o direito de dizer-Lhe o que fazer, como fazer, como dirigir os negócios do Universo. A tragédia de Jó quase o levara à insanidade mental e espiritual. “Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça.” (Is 45:9)
Deus poderia haver-Se apresentado como Juiz, Imperador, Magistrado, mas Ele preferiu fazê-Lo como Criador. É uma presença altamente convincente. A falta de conhecimento mais profundo de Deus por parte de Jó, ficou mui evidenciada nesse diálogo. E tanto que o patriarca mais tarde afirmou: “Certamente falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim, e que eu não compreendia.” (Jó 42:3) O diálogo com o Criador produziu profundo arrependimento no provado homem: “Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza." (Jó 42:6)

QUARTA
A criação nos profetas
            Isaías apresenta duas afirmações de autoria divina do Universo. Uma delas se encontra no versículo 12 do capítulo 45: “Eu fiz a Terra e criei nela o homem. As Minhas mãos estenderam os céus e a todos os seus exércitos dei Minhas ordens.” O testemunho da Criação é dado por seu próprio Autor. Essa declaração é assinada de próprio punho por Aquele que fez todas as coisas. O versículo 18 apresenta a declaração de propósito do Criador. Por que Ele criou a Terra? Para ser habitada.  Deus fez mais um cômodo em Sua casa universal a fim de abrigar mais filhos para o Seu deleite.
            Este planeta é maravilhosamente adaptado para a vida humana e animal. Não temos ideia do porquê de Deus ter criado mais oito planetas alem da Lua para compor o sistema solar. Talvez esteja nos planos do Criador preparar mais lugares para habitação de seres santos. Mercúrio, por exemplo, apresenta condições totalmente inóspitas. Suas temperaturas variam de 400o C no lado iluminado, a -200o C no lado escuro. Vênus –que é o planeta mais semelhante á Terra ,também tem altas temperaturas (entre 455o C e 495oC) e tem atmosfera constituída de 95% de gás carbônico).
            Urano, Netuno, Plutão, Júpiter, Marte, Saturno apenas “enfeitam” no momento a paisagem cósmica. É possível que Deus tenha planos futuros para eles.
            Neemias 9:6 atesta que Deus é o Criador. O salmista, autor do Sl 102, diz que  Terra, céus são obras das mãos de Deus. Isaías, Jeremias, Amós, Jonas e Zacarias, também dão seus testemunhos criacionistas.
            É aqui que entra o argumento teleológico que conceitua que todo projeto tem um arquiteto; toda finalidade tem sua causa. É o clássico argumento de que todo relógio implica na existência de um relojoeiro.
            Ninguém desprovido de preconceito pode deixar em sã consciência de admitir que tudo quanto nos cerca tem lógica e ciência. Não é possível observar os maravilhosos processos ocorrentes em nosso próprio organismo e achar que toda essa complexidade veio de um fortuito concurso de átomos, que resolveram unir-se e realizar um projeto de milhões de anos.       
           
 criação no novo testamento
            Paulo estava em Atenas, a capital cultural, científica e filosófica do mundo antigo. Revoltado com a espraiada idolatria ali reinante, resolveu, como campeão do cristianismo, levar luz àqueles que se julgavam sábios, mas, na verdade, estavam em trevas totais. Ele resolveu empreender um movimento de esclarecimento, começando pelas sinagogas, passando pelas praças públicas e locais de reunião de intelectuais.
            Era comum haver discussões abertas nos logradouros públicos sobre os mais variados assuntos. Lá se reuniam as classes mais ilustradas, bem como o povo comum para ouvir debates e discursos. Sempre circulando pela cidade em busca de contendas filosóficas, pensadores das várias escolas gregas juntavam-se à multidão e se envolviam em altercações com quem expunha sua filosofia.
            Ao observarem Paulo, filósofos epicureus e estoicos perceberam que ele explicava “coisas estranhas” e falava sobre “deuses estranhos”. Sua curiosidade foi despertada pela “nova doutrina” (At 17:19) que aquele “falador” ensinava. E que nova doutrina era essa? 
            Paulo, aproveitando-se da existência de um altar dedicado ao “deus desconhecido”, começou sua explanação falando que esse deus era o Criador de todas as coisas, Senhor de todas as coisas, doador da vida  e seu mantenedor. Uma verdadeira revelação-bomba para quem cria nos deuses olímpicos, subolímpicos, em divindades dos mares e das águas, das montanhas, dos bosques, dos campos, das cidades. Um Deus único... impossível!
            O Areópago foi o palco da histórica pregação de Paulo. Os ouvintes, na opinião do Dr. John D. Davis, eram um “auditório de filósofos”.
            Paulo argumentou que deuses feitos por mãos humanas não poderiam ser divinos. Nada mais eram do que ouro, prata, mármore (como as famosas estátuas do escultor Fídias), pedra, madeira... O Deus que Paulo pregava fazia muito mais sentido do que os deuses do panteão grego.
            A base da crença do apóstolo era o relato de Gênesis, assim como escrito por Moisés sob inspiração do Espírito Santo. Enquanto os gregos se fiavam em lendas feéricas (fantasiosas), o firme fundamento do apóstolo eram as Escrituras, com os inspirados testemunhos da Lei, dos Profetas e dos Salmos.
            A fé de Paulo estava firmemente construída sobre as Escrituras; a dos gregos, em “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1:16). 
             Só para se ter uma ideia do que criam os gregos sobre a origem de todas as coisas, transcrevemos um texto do livro Mitologia Grega e Romana, de autoria do Prof. P. Commelin: “O estado primordial , primitivo do mundo, é o Caos. Era, segundo os poetas, uma matéria que existia desde tempos imemoriais, sob uma forma vaga, indefinível, indescritível, na qual se confundiam os princípios de todos os seres particulares. Caos era, ao mesmo tempo, uma divindade, por assim dizer, rudimentar, capaz, porém, de fecundar. Gerou primeiro a Noite e depois o Érebo [região debaixo da Terra].” (p. 21)
                Nada mais simples e verdadeiro do que as palavras inspiradas: “No princípio, criou Deus os céus e a Terra.” “O que passar disto vem do maligno” (Mt 5:37).    
         São Paulo decidiu tentar convencer os atenienses das certezas da nova fé que encarnara. Para tanto se apresentou no areópago da cidade para travar um encontro com os intelectuais de Atenas. Quis seduzir os veneráveis homens de pensamento, herdeiros das escolas platônica e aristotélica, com as proféticas mensagens de Cristo e sua certeza no advento do Reino dos Céus. Foi o primeiro embate entre a fé cristã e a razão pagã que se tem registro, embate que iria se prolongar por séculos, mesmo depois do desaparecimento do antigo mundo pagão.

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