Comentários Lição 3 - Tessalônica nos dias de Paulo (Prof. Sikberto)


14 a 21 de Julho de 2012

Verso para memorizar:Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas” (I Cor. 9:19, NVI).

Introdução de sábado à tarde
O estudo das lições desta semana não é tanto baseado na Bíblia quanto se está acostumado, mas sim na arqueologia e outros escritos, que evidentemente complementam o texto sagrado. O autor assim visa dar embasamento mais amplo para que possamos entender melhor o relacionamento de Paulo com os tessalonicenses, e assim obtermos boas lições para nós sobre comportamento e atitudes adequadas como verdadeiros cristãos.
É de se notar o verso bíblico desta semana. Um homem chegar ao ponto de se destinar exclusivamente à salvação de outros, como se fosse escravo das pessoas, ou seja, como sendo esta a ordem imperiosa da qual não podia se eximir. A tal ponto chegou o amor dele pelas pessoas. Parece que só JESUS o suplantou.

1.      Primeiro dia: Os romanos chegam a Tessalônica
Vamos conhecer um pouco sobre a situação política de Tessalônica nos dias de Paulo. “Cidade grega fundada por Cassiandro em 316 a.C. Esse general de Alexandre, o Grande batizou a cidade com o nome de sua esposa. Importante centro comercial desde 168 a.C., Tessalônica foi anexada ao Império Romano em 168 a.C. e tornou-se capital da Macedônia”.
A cidade era uma grande base naval, principal porto na Macedônia, com aproximadamente 200.000 habitantes no tempo de Paulo. Na batalha de Pidna, a cidade redeu-se aos romanos, em 168 a. C. Na guerra contra Cássio e Bruto, a cidade ficou ao lado de Antônio, que venceu, pelo que foi declarada ‘cidade livre’, recompensa por sua lealdade, mas estava ainda sob tutela romana. Foi em cerca de 42 a.C. que Augusto tornou-a numa “cidade livre”, por isso era governada pelo povo, tendo os politarcas (6 pessoas locais) como oficiais eleitos. Estes se preocupavam em manter a paz, caso contrário, os romanos tirariam o seu status de “cidade livre”.
 Desfrutou dessa condição durante o Império Romano, tornando-se a mais próspera da Mesopotâmia. A localização geográfica da cidade favorecia o comércio e também a expansão do evangelho.
Os tessalonicenses gozavam de maior liberdade política que Jerusalém. Os líderes políticos e as pessoas ricas da cidade levavam vantagem com essa situação. Eles não queriam perder o status de cidade livre. Por isso, cuidavam em não permitir qualquer tipo de movimento que atraísse o desgosto do imperador romano, assim como também agiram os líderes do Sinédrio ante as pregações de JESUS. Sendo assim, não era difícil para algum fanático agrupar pessoas contra algum pregador cristão, como foi o caso de Paulo. Naquela cidade Paulo só conseguiu pregar durante três sábados, e teve que ir embora. Mas ficou ali um grupo que prosperou. Os judeus contra JESUS usaram, em parte, da situação de liberdade da cidade, que, com o movimento de Paulo, pudesse atrair o ódio de Roma e perderem essa condição. Enfim, tudo é válido para ser usado contra o reino de DEUS, desde que este venha a ameaçar o império de satanás. Em nossos dias também será assim: os verdadeiros adoradores serão acusados de desordeiros, de ameaça a unidade religiosa, de serem contra a Nova Ordem Mundial, e assim por diante. O povo trabalhador era o que mais sofria porque os romanos cobravam tributos, e naqueles tempos, como hoje também, eram estes que pagavam. Portanto, eram presa fácil de revolucionários, e pregadores como Paulo podiam ser classificados como tais, sendo, portanto, ameaça às classes mais abastadas e favorecidas.

2.      Segunda: Uma resposta pagã a Roma
Com suas muitas formas de adoração pública, Tessalônica é uma referência quanto a divinização de imperadores; possuía um templo para o culto a César. Em suas moedas a cidade de Roma e os seus imperadores eram retratados como divindades. Possuía um templo à deusa Ísis, ao lado de Kabirus, sua divindade protetora. Dos relatos que envolvem personalidades nos ritos sagrados das cidades gregas, desde o século VI a.C., é possível afirmar que os tessalonicenses praticavam cultos de mistério, principalmente a Kabirus, também protetor da cidade de Filipos. Esse Kabirus era um deus menor, e foi um homem morto por seus irmãos. O povo confiava muito nele, e tinha esperança de que os socorresse. Mas o imperador romano, especialista em trapaça e enganação (como são muitos políticos), propagou que ele era a reencarnação de Kabirus.  Em meio a toda essa diversidade cúltica havia uma comunidade judaica que, descontente com o êxito do programa evangelístico, agita o povo da cidade contra o apóstolo Paulo. Com o tempo o povo perdeu a esperança de que este Kabirus os socorresse, e assim abriu-se espaço para outra pregação, a do cristianismo, colocando a esperança em JESUS CRISTO.
Em nossos dias também é assim. Há igrejas prometendo milagres e demonstrando que os fazem. Porém, há muitos relatos de falsidade, e muitos pessoas que vão a essas igrejas percebem que estão sendo ludibriadas, e que os seus líderes só estão interessados nas ofertas. Já conheci vários casos de pessoas que saíram de lá em busca de uma mensagem mais bem fundamentada. Cresce o número de pessoas que já não veem mais sentido no evangelho da prosperidade, da cura e dos milagres, com montões de dinheiro que vai para as mãos de poucos, e que sustenta suntuosas mansões. Por exemplo, os dados dizem que entre 2003 e 2009, 24% (480 mil) dos membros deixaram a igreja de Edir Macedo. Ao mesmo tempo, aumentou nesse período a proporção de 4% para 14%, dos ditos ‘crentes genéricos’: aqueles que assistem mais de uma igreja, e muitos deles procuram por uma definitiva.  São dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE. A Igreja Católica, no Brasil, e em diversos lugares no mundo, principalmente nos países desenvolvidos, vem perdendo fiéis vertiginosamente. Os católicos que representavam 93,5% da população em 1950, eram 73,7% no censo de 2000, e em 2009 eram apenas 68,4%. A evasão é mais acentuada nas faixas jovens. Essas pessoas estão em busca de um evangelho que lhes satisfaça as necessidades espirituais. Em todo o mundo cresce o vácuo para a pregação do evangelho eterno. O mundo está amadurecendo para a pregação final.

3.      Terça: O evangelho como ponto de contato
Paulo era um pregador bem flexível que se adaptava facilmente às novas culturas. Ele adaptava sua estratégia de pregação conforme o lugar. Chegando a uma nova cidade, primeiro estudava bem as condições culturais e a religiosidade bem como as divindades do local. Depois decidia como iria pregar.
Essa é uma estratégia que ainda devemos utilizar hoje, mas com muito cuidado, assim como fez Paulo. Isso não quer dizer que devamos fazer concessões em relação aos nossos princípios nem a nossa cultura de adventistas, que é superior a tudo nesse mundo.
O interessante é que abrir-se para um pouco de mundanismo é uma estratégia que facilmente atrai grande número de pessoas. Foi assim que a Igreja Católica granjeou milhares de fiéis, e hoje conta com mais de um bilhão, mas está em franco declínio mundo afora. Nessas igrejas, os muitos que assim conquistam estão salvos? É assim que a igreja de Edir Macedo, a “Universal”, em 30 anos, só no Brasil chegou a 13 milhões de membros com mais de 15 mil pastores e 5 mil templos. Essas igrejas neopentecostais utilizam o evangelho popular mundanizado para cativar pessoas. Seria essa uma boa estratégia para a Igreja Adventista? Eis que já existe, entre nós, de modo oficial, tais iniciativas, que podem ser classificadas como estratégias degeneradas a partir das de Paulo, assim como essas igrejas novas, ricas e cheias de fiéis, mas cujo destino é a morte eterna.
Ellen G. White tem uma palavra segura a esse respeito.
“Muitos supõem que, para se aproximar das classes mais altas, é preciso adotar uma maneira de vida e um método de trabalho que se harmonizem com seus fastidiosos gostos. Uma aparência de riqueza, custosos edifícios, caros vestidos, equipamentos e ambiente, conformidade com os costumes do mundo, o artificial polimento da sociedade da moda, cultura clássica, as graças da oratória, são considerados essenciais. Isso é um erro. O caminho dos métodos do mundo não é o caminho de Deus para alcançar as classes mais elevadas. O que na verdade os tocará é uma apresentação do evangelho de Cristo feita de modo coerente e isento de egoísmo” (A Ciência do Bom Viver, 214).
Levá-los-emos então a concluir que as reivindicações de Cristo são menos estritas do que uma vez creram, e que pela conformação com o mundo exercerão maior influência sobre os mundanos. Assim se separarão de Cristo; então não terão forças para resistir ao nosso poder, e dentro de pouco tempo estarão prontos para ridicularizar o seu antigo zelo e devoção” (Testemunhos para Ministros, 274, grifos acrescentados).
“O Senhor há de em breve trabalhar com maior poder entre nós, mas há o perigo de permitirmos que os nossos impulsos nos levem aonde o Senhor não quereria que fôssemos. Não devemos dar um passo para depois retroceder. Devemos caminhar solene, prudentemente, não fazendo uso de expressões extravagantes, nem permitindo que os nossos sentimentos sejam excessivamente agitados. Devemos pensar calmamente, e agir sem empolgação; pois há alguns que ficam facilmente arrebatados, que se aproveitam de expressões sem fundamento e usam pronunciamentos extremos para criar agitação, impedindo assim a própria obra que Deus queria fazer. Há uma classe de pessoas sempre dispostas a escapar por alguma tangente, que desejam apreender qualquer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas Deus quer que todos procedam calma e ponderadamente, escolhendo as palavras em harmonia com a sólida verdade para este tempo, a qual precisa, tanto quanto possível, ser apresentada ao espírito isenta do que é emocional, conquanto ainda levando a intensidade e solenidade que lhe convém. Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os que tendem a estar ou no fogo, ou na água” (Testemunhos para Ministros, 227 e 228, grifos acrescentados).
O mundo será convencido, não pelo que o púlpito ensina, mas por aquilo que a igreja vive. O pastor anuncia do púlpito a teoria do evangelho; a piedade prática da igreja lhe demonstra o poder” (Serviço Cristão, p. 67, grifo acrescentado).

4.      Quarta: Paulo, o “pregador de rua”
Nos tempos de Paulo havia outros ensinadores públicos que se apresentavam nas praças. Eram os filósofos. Os primeiros deles surgiram na região de Jônia e Magna, na Grécia, lá pelo século VII e VI antes de CRISTO. O primeiro deles foi Tales de Mileto. Eram os pré-socráticos.
Eles criavam suas próprias teorias, ou seguiam as de algum mestre anterior, pelo que se chamavam discípulos deste ou daquele mestre. Buscavam entender de oratória, e se tornaram grandes debatedores e muito capazes de argumentação e do uso da voz e do corpo ao se apresentarem em público. Realmente eles impressionavam as pessoas que geralmente gostavam de ouvi-los.
Esses filósofos ensinavam ciência humana, baseada no método do pensamento racional dedutivo. Por exemplo, Sócrates (que viveu entre 470 e 399 a. C.) dizia coisas que impressionavam, mas que estavam erradas à luz da Bíblia: “Só sei que nada sei”; “o verdadeiro conhecimento vem de dentro.”
O que os filósofos, em geral, ensinavam? Isso depende de que mestre seguiam. Tessalônica não era uma cidade que produzia filósofos. Para lá iam seguidores vindos de outro lugar, ou que eram de lá, mas que haviam aprendido filosofia, geralmente na Grécia. Eles ensinavam sobre o que é o ser humano, defendendo a imortalidade da alma. Também ensinavam sobre como se tornar bom cidadão ativando o poder interior, submisso à racionalidade humana. Evidentemente não admitiam o DEUS verdadeiro, e estavam ligados à mitologia pagã, de diversas origens e vertentes, mas que, em síntese, se originou com Ninrod, bisneto de Noé.
Paulo também usava a rua para pregar, embora não só, pois pregava também em templos e em casas. Paulo ensinava de um modo diferente. Conforme a lição, ele dizia que o verdadeiro cristão devia separar-se de certas coisas do mundo (como ainda hoje ensinamos) e que a salvação vem de DEUS, isto é, uma operação de fora para dentro, uma recriação (como também ainda ensinamos hoje).
Em nossos dias há muitos mestres ensinando tudo que é coisa. A moda hoje é ensinar que DEUS quer nos enriquecer nesse mundo, que podemos viver como desejamos, pois uma vez tendo-nos entregue a JESUS, estamos salvos para sempre. O que importa é seguir determinada igreja, contribuir com muito dinheiro, e cada uma se diz a verdadeira. Faz parte da moda músicas batidas em alto volume, curas e milagres bem como falar línguas, dependendo da igreja.
De modo diferente, igreja verdadeira vai concluir a pregação da mensagem a ela confiada, a todo o mundo, por meio do poder do ESPÍRITO SANTO, utilizando-se de métodos bem simples, tão simples que irão impressionar até mesmo os líderes da igreja. Isso ainda está no futuro, mas veremos em poucos meses. Ellen White escreveu sobre isso: “Permiti-me dizer-vos que o ‘SENHOR’ trabalhará nesta última obra de um modo muito fora da comum ordem de coisas e de um modo que será contrário a qualquer planejamento humano. Haverá entre nós, os que sempre desejarão dominar a obra de ‘DEUS’, para ditar até que movimentos se farão quando a obra avançar sob a direção do anjo que se une ao terceiro anjo na mensagem a ser dada ao mundo. ‘DEUS’ usará maneiras e meios pelos quais se verá que Ele está tomando as rédeas em Suas próprias mãos. Surprender-se-ão os obreiros com os meios simples que Ele usará para efetuar e aperfeiçoar sua obra de justiça” (Testemunhos para Ministros M, 300 e  Eventos Finais, 175, grifos acrescentados).
DEUS utilizará “meios simples” para concluir a Sua obra. Tão simples que os obreiros se surpreenderão. Se tivermos o poder do ESPÍRITO SANTO, poderemos deixar de lado os artifícios de origem humana e de fora, que hoje na igreja são bastante utilizados, mas que nada mais são senão misturas de cristianismo com paganismo. Nós somos uma igreja peculiar, temos que ser criativos e originais, e também dependentes do poder de DEUS, não das coisas do mundo. Esta é uma profecia de Ellen G. White que se cumpre.

5.      Quinta: Igreja nos lares
Creio que a resposta ao que debatíamos, no dia de ontem, no finalzinho do comentário, está no dia de hoje. Como funcionava, em muitos lugares, a igreja nas primeiras décadas do cristianismo? Em muitos lugares não havia uma construção apropriada para abrigar os membros da igreja, então eles se reuniam nos lares, ou em salas pequenas. Lembro que tendo ido pregar sobre profecias em muitos lugares, às vezes ia para grupos bem pequenos, que alugavam uma sala pequena, e bem aconchegante, e nela se organizavam como um grupo para realizarem seus cultos. Eram irmãos zelosos que enfeitavam o lugar com flores, e tudo bem organizado e bonito. Todos se conheciam bem, e se alegravam estando juntos. Ao meio dia almoçavam juntos. Eram grupos de 30, 40 ou 50 pessoas. Como é bom quando estamos num grupo assim, pequeno mas dinâmico, com iniciativa, boa liderança, sempre com alguma novidade, nunca parada na monotonia. Resumindo, muito aconchegante, um lugar para se ser feliz.
Essa é a ideia dos pequenos grupos. Devem ser dinâmicos, com novidades, liderados por pessoas com iniciativa de criar situações agradáveis a todos.
Tenho ido a igrejas grandes. Mais de mil membros por exemplo. Nelas se formam grupos menores, desligados uns dos outros. E não há o mesmo espírito de unidade e fraternidade como nessas mais pequenas. Como é bom sentir-se pertencente a uma família, onde todos se conhecem e se amam.
Pois será assim que a obra será concluída, por meio de pequenos, simples, dinâmicos grupos, onde todos se amam mutuamente.

6.      Aplicação do estudo Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Como naqueles tempos, quando os apóstolos saíram a pregar, muitos (mas nem todos) estavam fartos de falsas pregações, e almejavam algo mais sólido e duradouro. Hoje é o mesmo. Há milhões de pessoas, hoje, sendo iludidas por pregadores da prosperidade secular, quando eles mesmos, e só eles, enriquecem. E são milhões de membros que nada percebem que isso está tudo errado, e que é um cenário profético do fim do mundo.
Mas nem todos caem e ficam nesse estado de torpor, sem perceber absolutamente nada. Há um bom número de pessoas que são inteligentes para perceber que, quando só o pastor enriquece, algo está muito errado. Essas são pessoas que precisam de uma religião, mas elas detectam que, onde estão, irão para um lugar que não desejam. Essas pessoas, percentualmente um grupo pequeno, mas numericamente um número expressivo, estão maduras para receber a mensagem bíblica autêntica, que só a Igreja Adventista pode dar. JESUS CRISTO está conduzindo a igreja para que bem logo tenha poder para buscar essas pessoas para fazerem parte da igreja verdadeira. Então a obra será concluída.

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O comentário em vídeo tem ênfase evangelística.

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