Comentários Lição 2 - Preservando Relacionamentos (Prof. César)


07 a 13 de Julho de 2012

Verso Principal
“Pois quem tomaria o lugar de vocês como nossa esperança, alegria e orgulho, quando nosso Senhor vier? Quem senão vocês estarão diante dEle em Sua vinda?” 1Ts 2:19, 20 – Versão de Phillips.

“Os relacionamentos são um dos aspectos mais importantes da vida cristã. Através deles o mundo reconhece a unidade da igreja e o poder de Deus para interferir no destino dos homens. No entanto, muitos cristãos hoje têm preferido se isolar das pessoas a interagir com elas. Isso produz solidão e um sentimento nocivo de autossuficiência, prejudicando a expansão do Evangelho. Neste livro o autor esclarece alguns pontos polêmicos relacionados à questão dos relacionamentos, mostrando que vale a pena conhecer pessoas e edificá-las no pleno conhecimento de Jesus Cristo.

Esse era o padrão do início do Novo Testamento e deve ser o modelo nos dias atuais. Nada pode separar daqueles com quem precisamos nos relacionar e amar, seguindo o exemplo de nosso Pai Celestial.” Real, Paulo: Relacionamentos na Igreja: Uma Perspectiva Bíblica; Ed. Vida.

                Vivência cristã é prioritariamente relacionamento com Deus mediante Jesus Cristo. É relacionamento com outros filhos de Deus pautado na comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Na igreja processam-se relacionamentos em níveis sociais:

·         Pastores com líderes.

·         Pastores com membros.

·         Líderes com membros.

·         Membros com pastores e irmãos em associações sem acepção de pessoas. Nada de discriminações etárias, socioeconômicas, culturais, étnicas, sociais e personais. 

            Depois de três conferências bíblicas na sinagoga de Tessalônica. Como fruto imediato desse trabalho evangelístico, alguns judeus se converteram e muitos gentios e pessoas dignas da cidade também.

                Como seria de se esperar, levantou-se ferrenha oposição. Judeus recalcitrantes ou que resistiram obstinadamente juntaram-se a marginais da cidade e iniciaram oposição violenta contra Paulo e sua mensagem. Essa atitude não era surpresa para o apóstolo, que já se acostumara a enfrentá-la. O ódio satânico contra Cristo explodia sobre Seus seguidores. Uma sublevação popular era tudo o que o maligno queria para tumultuar a igreja nascente e desanimar os irmãos e os recém-convertidos. As autoridades romanas eram severas em punir levantes populares. Com certeza o arquienganador pensou ter impedido a obra de Deus naquele lugar.



DOMINGO
Oposição em Tessalônica
                “Movidos de inveja”. Inveja de quê? No caso em estudo, inveja da influência e sucesso de Paulo na pregação de Jesus Cristo como o Messias prometido.  A expansão da “seita dos nazarenos” (At 24:5) preocupava sobremaneira o mundo judaico de então. Os judeus temiam que a provável evasão de membros de sua comunidade poderia provocar um colapso em sua milenar religião. Além do desgosto que esses judeus sentiam pelo êxito do evangelismo de Paulo, eles tinham outra motivação para se opor. “Como aconteceu nos lugares anteriormente trabalhados, também aqui os apóstolos encontraram decidida oposição. ‘Mas os judeus desobedientes" foram "movidos de inveja." Esses judeus não estavam então nas boas graças do poder romano, porque não fazia muito tempo, haviam levantado uma insurreição em Roma. Eram olhados com desconfiança, e sua liberdade estava até certo ponto restringida. Agora viram eles uma oportunidade para tirar vantagem das circunstâncias, para readquirirem o favor e ao mesmo tempo lançando o opróbrio sobre os apóstolos e conversos do cristianismo.” AA, 229.
                  A calúnia contra os servos de Deus sempre foi uma arma que Satanás usa com eficácia para promover seus interesses. Nenhuma acusação assacada contra Paulo e Silas tinha fundo de verdade. Nada havia sido feito contra os decretos de César, visto que a Pax Romana permitia que cada indivíduo do império praticasse sua religião, desde que não interferisse com os interesses do estado. Eles sim haviam ilegalmente invadido a casa de Jason e aprisionado cidadãos inocentes. A denúncia de que Paulo pregava outro rei em lugar de César também era mentirosa. Tanto Jesus quanto Paulo pregavam um reino de graça e não político e temporal. Em nada isso interferia com o domínio de Roma. Pelo contrário, o próprio Jesus ordenou dar a César o que a ele pertencia, pregando assim submissão ao governo.
                O teor da mensagem de Paulo - “Ao proclamar Paulo, com zelo santo, o evangelho na sinagoga de Tessalônica, um jato de luz se derramou sobre o verdadeiro significado dos ritos e cerimônias que se relacionavam com o serviço do tabernáculo. Conduziu ele a mente de seus ouvintes para além do cerimonial terrestre e do ministério de Cristo no santuário celestial, até o tempo em que, tendo completado Seu trabalho de intercessão, Ele deverá voltar, com poder e grande glória, para estabelecer Seu reino na Terra. Paulo cria na segunda vinda de Cristo; apresentou as verdades concernentes a este evento com tanta clareza e ênfase, que produziu na mente de muitos dos ouvintes uma impressão que nunca mais se apagou.” AA, 228, 229.  
                Como o povo e as autoridades, em geral, não investigam a procedência das informações que recebem, o alvoroço se instalou na cidade.  Roma sempre responsabilizava seus representantes por qualquer incidente, revolta, insurreição ou movimento de resistência que houvesse em seus domínios. As autoridades tessalonicenses preferiram justiçar, inda que fosse a parte inocente, a permitir que notícias desagradáveis chegassem ao poder central. 
                Como não poderia deixar de ser, as autoridades cobraram fiança indevida para libertar um cidadão inocente. O objetivo dos magistrados não era praticar a justiça, mas obter vantagens das situações. Hoje não é diferente, embora a legislação seja mais completa e abarcante.
                “O biógrafo imperial Suetônio afirmou que no ano 50 d.C., o imperador Cláudio expulsou de Roma os judeus e também os cristãos (pois eram todos iguais aos olhos dos romanos). Os cristãos teriam se rebelado por incitamento de um certo Chrestus, em quem Suetônio procurou ver a figura de Cristo, cujos seguidores, semeavam a discórdia na sinagoga [sic][1]. O ato de Cláudio decorreu por causa das atividades subversivas instigadas por um certo Chrestus [sic]. Assim como existiam comunidades judaicas (existia cerca de uma dúzia de sinagogas em Roma, a maioria delas localizada à margem esquerda do Tibre), existia uma comunidade cristã na capital imperial, porém a origem da mesma é um mistério.” O legado de Cristo e a história, H. M. Santos.

                SEGUNDA  
O episódio de Bereia

Deixando Tessalônica para amainar os ânimos da população, os irmãos tessalonicenses enviaram Paulo e Silas viajaram para Bereia, uma cidade de não tão grande destaque no mundo romano. Paulo não quis “dar um tempo” em seu empenho evangelístico. Ele tinha sempre isto em mente: “Ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9:16) Não que Deus lhe impusesse uma carga anormal de trabalho e exigisse que ele “se matasse” trabalhando. Mas, por dívida de consciência, ele sentia que não podia parar. Tinha feito um concerto consigo mesmo de que se esforçaria ao máximo para ganhar tantas almas quantas fosse possível, em gratidão ao que Jesus fizera por ele.
Em Bereia os dois apóstolos foram para a sinagoga pregar aos judeus. O resultado foi diferente daquele obtido em Tessalônica. Qual a razão? Os judeus bereanos eram fundamentalistas. Isto é, só recebiam ensinos que estivessem de acordo com as Escrituras Hebraicas, inda que não se achassem de acordo com as tradições judaicas e interpretações rabínicas. O Dr. Lucas os define como nobres. Diariamente eles estudavam as Escrituras para conferir se o que Paulo dizia estava de acordo e bem fundamentado no Livro Santo.
A mente dos bereanos não se achava limitada pelo preconceito. Estavam dispostos a pesquisar a veracidade das doutrinas pregadas pelos apóstolos. Estudavam a Bíblia, não por curiosidade, mas para que pudessem aprender o que havia sido escrito a respeito do Messias prometido. Diariamente examinavam os relatos inspirados; e ao compararem texto com texto, anjos celestiais se colocavam ao lado deles, iluminando-lhes a mente e impressionando-lhes o coração.” AA, 231.
Em contraste com “alguns judeus” que se converteram em Tessalônica, em Bereia “creram muitos”, também mulheres gregas de alta posição social e muitos gregos frequentadores da sinagoga.
Os strafottenti (um termo preferido de meu avô materno para rotular pessoas arrogantes, altivas e presunçosas) de Tessalônica não tinham outra coisa a fazer senão transtornar o trabalho de Paulo. Viajaram para Bereia e, como agitadores profissionais, alvoroçaram as multidões para atrair a atenção das autoridades locais e castigar os missionários.
O que cumpre destacar neste estudo é a atitude fundamental dos bereanos. Eles não apenas receberam a Palavra, mas o fizeram  de “bom grado”. Sentiam grande alegria em ouvir a verdade bíblica. Haviam preparado sua mente para ouvir o que Deus tinha para lhes dizer e ao confirmarem pelas Escrituras que a mensagem vinha do Senhor, estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para agradá-Lo.
Bereanos modernos – Como adventistas, temos necessidade premente de confrontar o que ouvimos e vemos na igreja com a segura revelação de Deus encontrada em Sua Palavra. O Espírito de Profecia é uma concessão especial da graça de Deus para evitar que torçamos as Escrituras ou as apliquemos mal. Não foram poucas as tentativas de invasão de erros e falsas doutrinas que se imiscuíram em nossa igreja ao longo de sua história.
Há muitos que ouviram o arrevesado ensino de que não existe o Espírito Santo e propagam sua descrença até com certa presunção de conhecimento superior. Outros ensinam doutrinas no seio da igreja que não têm a menor base escriturística. Hoje alguns têm buscado muitas invenções para “modernizar” a igreja, operando nela uma “plástica” para deixá-la mais parecida com o mundo.  A Lei e ao Testemunho! Não aceitemos nada, seja da boca de quem for, que contrarie a simplicidade do ensino bíblico.
“É apropriado e correto ler a Bíblia; mas o vosso dever não termina aí; pois deveis examinar as suas páginas por vós mesmos. O conhecimento de Deus não é obtido sem esforço mental, sem oração por sabedoria a fim de poderdes separar o genuíno grão da verdade da palha com que os homens e Satanás têm deturpado as doutrinas verdadeiras. Satanás e sua confederação de agentes humanos têm procurado misturar a palha do erro com o trigo da verdade. Devemos buscar diligentemente o tesouro escondido e pedir sabedoria do Céu para separar as invenções humanas das ordens divinas. O Espírito Santo auxiliará o que procura grandes e preciosas verdades relacionadas com o plano da redenção. 
“Quisera impressionar a todos com o fato de que a leitura casual das Escrituras não é o suficiente. Precisamos examiná-las, e isto significa fazer tudo o que é abrangido por essa palavra. Assim como o mineiro explora ansiosamente a terra para descobrir os veios de ouro, deveis examinar a Palavra de Deus em busca do tesouro escondido que Satanás há tanto tempo tem procurado ocultar aos homens. O Senhor diz: "Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina." João 7:17. 
A Palavra de Deus é verdade e luz, e deve ser uma lâmpada para os vossos pés, a fim de guiar todos os vossos passos no caminho para as portas da cidade de Deus. É por esta razão que Satanás tem feito tão desesperados esforços para obstruir a vereda preparada para que nela andem os resgatados do Senhor. Não deveis levar vossas ideias para a Bíblia e fazer de vossas opiniões o centro em torno do qual gire a verdade. Deveis pôr de lado as vossas ideias no começo da investigação, e com coração humilde e submisso, com o próprio eu escondido em Cristo, com fervorosa oração, buscar sabedoria de Deus. Deveis sentir que precisais conhecer a revelada vontade de Deus, porque isto diz respeito a vosso bem-estar pessoal e eterno. A Bíblia é o roteiro pelo qual podeis conhecer o caminho para a vida eterna. Acima de tudo deveis desejar conhecer a vontade e os caminhos do Senhor.” FEC, pp. 307 e 308. 

TERÇA      
Intervalo em Atenas
              
             Paulo estava seguindo à risca a ordem de Jesus: “Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra” (Mt 10:23).  Esse é o princípio da evasão inteligente. Enquanto o espírito antagônico e agressivo estiver aceso num lugar, não devem os cristãos entrar em combate direto com os oponentes obstinados, a não ser que o Espírito do Senhor assim o indique.  Não sabemos se Atenas estava agendada no segundo roteiro missionário de Paulo, ou se foi contingencial sua viagem para a capital do mundo grego. Por via das dúvidas, uma escolta de irmãos bereanos o acompanhou até lá. A propósito, que outro missionário estaria tão capacitado a trabalhar na capital cultural do mundo de então, com suas emaranhadas filosofias, multidão de deuses e estranhas crenças? O homem certo no lugar certo!
                A florescente Atenas – “A cidade de Atenas era a metrópole do paganismo. Aqui Paulo não se encontrou com uma população crédula e ignorante, como em Listra, mas com um povo famoso por sua inteligência e cultura. Em todos os lugares estavam à vista estátuas de seus deuses e de heróis divinizados da História e da Poesia, enquanto magnificentes arquiteturas e pinturas representavam a glória nacional e o culto popular de deidades pagãs. O senso do povo estava empolgado com o esplendor e a beleza da arte. De todos os lados santuários, altares e templos representando enorme despesa, exibiam suas formas maciças. Vitórias das armas e feitos de homens célebres eram comemorados pela escultura, relicários e placas. Tudo isto fez de Atenas uma vasta galeria de arte.” AA, 233, 234.  
                A estratégia de pregação de Paulo em Atenas – Paulo ficou muito incomodado com a repugnante e espalhada idolatria dos atenienses, estimulada por formas sedutoras e sutis. Seu zelo por Deus acendeu-se de tal maneira que decidiu enfrentar o imenso desafio de levar luz ao orgulhoso povo. Dois focos de incursão missionária foram estabelecidos pelo grande tribuno do Evangelho: 1) a sinagoga da cidade, para trabalhar com judeus e gregos devotos da fé judaica. 2) No Areópago, local de discussões que havia no centro e núcleo de adoração de Marte, o deus da guerra, para mostrar aos gregos um conceito de que eles jamais tinham cogitado e que estava além de sua lógica filosófica: Um único  e amorável Deus e Seu plano de salvação para a humanidade.
                Ele observou o modo de vida grego e viu que eram muito religiosos, embora equivocados. “O primeiro passo de qualquer esforço missionário e ouvir e aprender sobre a fé e a cosmovisão do povo que você está tentando alcançar.” LES. Com argúcia dos sábios observou o panteão de deuses e notou que havia um altar dedicado ao deus desconhecido dos gregos, justamente Jeová, o Deus verdadeiro.
                “Entre os que se encontraram com Paulo na praça havia ‘alguns dos filósofos epicureus e estóicos’; mas estes, e todos os demais que entraram em contato com ele, logo viram que ele tinha um volume de conhecimento superior mesmo ao deles. Sua capacidade intelectual impunha respeito aos letrados, ao passo que seu fervoroso e lógico raciocínio e seu poder de oratória captavam a atenção de todo o auditório. Seus ouvintes reconheciam que ele não era nenhum aprendiz, mas era capaz de enfrentar todas as classes com argumentos convincentes em abono das doutrinas que ensinava. Assim o apóstolo permaneceu invicto, enfrentando seus opositores no próprio terreno deles, contrapondo lógica a lógica, filosofia a filosofia, eloquência a eloquência.  
                “Seus oponentes pagãos chamavam-lhe a atenção para a sorte de Sócrates, que, por ser pregador de deuses estranhos, tinha sido condenado à morte; e aconselhavam Paulo a não pôr sua vida em perigo enveredando pelo mesmo caminho. Mas os discursos do apóstolo cativavam a atenção do povo, e sua sabedoria sem afetação impunha-lhes admiração e respeito. Ele não foi posto em silêncio pela Ciência nem pela ironia dos filósofos; e convencendo-se de que ele estava disposto a concluir sua missão entre eles, e, apesar dos riscos, a contar sua história, decidiram ouvi-lo com boa disposição. 
                “’Portanto,  conduziram-no ao Areópago.’ Este era um dos locais mais sagrados de toda a Atenas, e suas evocações e reminiscências eram tais que o faziam ser considerado com uma supersticiosa reverência que, na mente de alguns, chegava ao terror. Era neste local que os assuntos relacionados com a religião eram muitas vezes considerados cuidadosamente por homens que funcionavam como juízes finais em todas as questões mais importantes, tanto morais como civis. 
                “Ali, afastado do ruído e agitação das ruas apinhadas e do tumulto da discussão promíscua, o apóstolo podia ser ouvido sem interrupção. Ao seu redor reuniram-se poetas, artistas, e filósofos - intelectuais e sábios de Atenas, que a ele assim se dirigiram: ‘Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto.’ At 17:19 e 20.” AA, 235. 236.
             
QUARTA 

A chegada em Corinto

             Paulo pisa o solo coríntio pela primeira vez. Ali viviam pessoas de várias procedências, inclusive judeus, que tinham uma grande comunidade e sua própria sinagoga. Dois terços da população coríntia eram compostos de escravos. A cidade era em todo o império por sua devassidão moral. O termo “moça coríntia” era sinônimo de “prostituta” e “corintianizar” significava levar uma vida imoral. Nas comédias gregas surgiam personagens ditos coríntios, que claramente significava ébrios contumazes.
            O historiador, filósofo e geógrafo grego Estrabon registrou o fato de haver na cidade cerca de mil escravas trabalhando como prostitutas no templo de Afrodite, localizado no Acrocorinto, uma fortaleza localizada na acrópole de Corinto. Estas condições lançam alguma luz sobre as referências que Paulo faz à imoralidade no mundo pagão, nas suas duas cartas aos coríntios (1Co 5:1; 1Co 6:9-20; 1Co 10:8; 2Co 7:1) e na sua carta aos romanos (Rm 1:18-32), escrita quando ele esteve em Corinto durante a sua terceira viagem missionária.
            A lição fala das dúvidas dos críticos eruditos, que põem sob questionamento a historicidade do livro de Atos. Pois bem, não temos aqui espaço para apresentar muitas provas históricas e arqueológicas para opor à oposição desses sábios, porém, uma delas é bastante interessante. Trata-se da Pedra de Erasto. Essa pedra traz uma inscrição do primeiro século, falando de Erasto como comissário e administrador público. Essa peça arqueológica foi achada nas ruínas de Corinto em  1920. Esse Erasto mui provavelmente teria sido um dos cooperadores de Paulo."E, enviando à Macedônia dois daqueles que o serviam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia." (At 19:22)."Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto." (2Tm 4:20). "Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro, e de toda a igreja. Saúda-vos Erasto, procurador da cidade, e também o irmão Quarto." (Rm 16:23).
            Sem dúvida, Paulo era um homem de ciência e filosofia. Sua fama era conhecida. Em Cesareia, perante o rei Agripa e o governador Festo, sua argumentação poderosa atingiu tamanho poder de persuasão que, Festo, espantado com o que lhe pareceu uma loucura, disse que o grande cabedal de conhecimentos de Paulo o havia levado à demência (Ver At 26:24).
            Na primeira epístola aos Coríntios, cap. 1:18-2:2, Paulo discute a vacuidade da sabedoria do mundo, em especial a propalada filosofia grega, para proporcionar ao homem a verdadeira felicidade e elevação moral e espiritual. A lógica grega não conseguia alcançar a sublimidade do que foi realizado no Calvário pelo Verbo encarnado. Os judeus, com toda a sua cultura religiosa, escandalizavam-se em aceitar diante do mundo um Messias que não era nada daquilo que esperavam. Como poderiam divulgar pelas nações que seu Rei era pobre, pacífico, sofredor, sem porte heroico, humilde e sem pretensões políticas? Era um escândalo que não podiam aceitar.
            Para dar agudeza ao seu argumento, diz Ele que Deus fez uma loucura diante do mundo ao entregar  Seu Filho Unigênito para assumir as culpas de toda a humanidade. E argumenta que é essa loucura divina que ele pregava, não importando o que iriam pensar judeus e gregos.
            É manifesto que as abordagens evangelísticas precisam considerar a contextualização. Isto é, adaptar-se à cultura e dialética dos povos, sem, porém, pôr de lado a Lei de Deus e sua justiça. Ele não poderia usar com os gregos a mesma forma de discurso que utilizava com os judeus. À mente grega ele expunha a lógica do plano divino, embora não nos termos da lógica grega. À mente judaica, Paulo expunha Cristo Jesus como o Messias encontrado em todas as Escrituras Hebraicas.      
                           
QUINTA    
Paulo abre seu coração

Paulo foi um pastor amoroso e afetuosamente ligado às suas ovelhas. Ele não deixava de colocar intensidade em suas emoções ao falar de seus protegidos. “Vocês têm alguma ideia de quão  saudosos estamos de vocês, caros amigos? Embora isso não fosse por muito tempo e somente nossos corpos é que estavam separados de vocês, não nossos corações, tentamos nosso melhor para voltar a ver vocês. Vocês não podem imaginar quantas saudades sentimos de vocês. Eu, Paulo, tentei muitas vezes voltar, mas Satanás nos frustrou cada vez.  De quem, vocês pensam,  nos orgulharemos quando nosso Mestre Jesus aparecer, senão de vocês? Vocês são nosso orgulho e nossa alegria!”  (1Ts 2:17-19 – The Message)
Conheci pastores que tinham receio de manifestar suas emoções às ovelhas. Fecharam-se em si mesmos e mantinham “distância ministerial” em termos de afetividade.  Não assim com o Pr. Paulo de Tarso. No cap. 3 de 1Ts, verso 1, ele desabafa: “Pelo que, não podendo suportar mais o cuidado por vós...”  No verso 6 do cap. 3, encontramos a indisfarçável satisfação de ser apreciado: “Contou-nos [Timóteo] como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos...”
Essas revelações bíblicas fizeram-nos pensar em nossos pastores. Sabemos que a vida ministerial não é o mar de rosas que muitos pensam. Os pastores, pelo que temos observado, trabalham muito mais horas e sob a pressão de uma agenda lotada, do que qualquer outro trabalhador.  Se o problema se limitasse à carga horária, não seria tão grave. A dificuldade é a complexidade do ministério, que exige ser o pastor psicólogo, teólogo, tribuno, administrador, contabilista, ecônomo, “arquiteto e engenheiro”, conselheiro, médico de almas e outras funções mais. Não é sem razão que Fisher disse: “O ministério pastoral é a estranha combinação de ser amado e desprezado, aceito e criticado, seguido e rejeitado. É parte entusiasmo, parte depressão. Satisfação calma misturada com descontentamento destrutivo. Muita afeição e, às vezes, até ira. É o poder do Evangelho e a fraqueza da humanidade, tudo envolto em uma só experiência."
Penso que deveríamos compreender mais aqueles que têm cuidado de nossa vida. “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13:17) Lembremo-nos de que nossos pastores não são seres invulneráveis com poderes extraterrestres. Eles são humanos como nós e falíveis. Não exijamos deles mais do que é razoável.


[1] O termo “sic” que é intercalado numa citação significa que o texto original está reproduzido exatamente, por errado ou estranho que possa parecer.

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